

Marca: Dürkopp
Modelo: Diana - Restaurada
Ano: 1902
Origem: Áustria
Proprietário: Marcelo Eduardo Afornali
Curitiba - Paraná - Brasil
Acessórios: Aros de madeira marca GOT, paralamas em madeira (de época), cubo dianteiro original F&S (zero km), cubo traseiro com pinhão fixo (padrão de época), coroa de passo 5/8, selim do período confeccionado em couro e "capim" (fibras vegetais), cadeado Turíngia, pedais Look, punhos em Jacarandá similares aos do ínicio do século, pneus Michelin (de época) na clássica cor Creme e farol à vela Riemann's...
História: Vinda de um colaborador alemão, esta bicicleta foi enviada via aérea ao Brasil, ficando presa na alfândega durante pouco mais de 6 meses... Como sou extremamente persistente e como todo brasileiro "não desisto nunca", tentei de todas as formas me comunicar com o Decex (Brasília) para a liberação do que havia sobrado desta bicicleta, para que enfim, pudesse dar o devido tratamento ao veículo... Infelizmente, compreendi o que é um órgão público, chegando a ligar 17 vezes num mesmo dia para tal, tentando de todas as formas liberar esta Dürkopp... De tanto "perturbar" para a liberação da bicicleta, já que não estava importando algo proibitivo, consegui liberar o veículo com a ajuda do despachante aduaneiro Tom Lara... Para retirar o veículo no aeroporto Afonso Pena (São José dos Pinhais), taxas e mais taxas me foram cobradas pela Receita Federal, sendo que o montante ultrapassou em pouco os R$2.000,00 (Dois Mil Reais)... Somente com o quadro/garfo e o guidon na mão (perderam o cubo na aduana), comecei a refazer a bicicleta... A parte de lataria foi refeita por Tadeu Chudzikiewicz, que fez milagres para salvar este conjunto... Várias partes do quadro foram refeitas, sempre com muito capricho e talento, lembrando que uma verdadeira restauração leva em conta a fidelidade ao conjunto original, o contexto da época e os acessórios corretos para tal... Pensando nisto, agreguei ao conjunto paralamas e aros de madeira, sendo que o uso destes acessórios de nada interferem na bicicleta, pois são corretos para o período desta... Já com a lataria pronta e o serviço de pintura encaminhado, as peças que deveriam receber galvanoplastia foram entregues ao profissional... Após algum tempo, as peças receberam o devido trabalho e o banho de níquel ficando como novas, trabalho este de altíssimo nível técnico e estético... Depois de receber o quadro/garfo pintados e as peças niqueladas, minha alegria foi enorme, pois a equipe havia se superado mais uma vez!!! Ainda com problemas de peças, pois restaurar uma bicicleta centenária não é simplesmente desmontar e montar, consegui com um amigo alemão o guidon completo com sistema de freio/sapata e um cubo original F&S, novo e sem uso... Com um terceiro também alemão, consegui o cubo traseiro (padrão época) em perfeitas condições de uso, bastando niquelar... Da Suécia, por colaboração de meu amigo Kjell Alqjvist, veio o selim, por sinal, novo e sem uso, ainda com o couro em perfeitas condições... Internamente este selim possui "capim" (fibras vegetais), já que muitas das técnicas adotadas nas bicicletas dos anos 30/40/50 eram desconhecidas até então... Após o veículo semi-montado, alguns parafusos originais como de freio, manete e expander do guidon foram temperados e banhados em óleo, para ficarem pretos exatamente como eram a mais de 100 anos... Seguindo o processo de montagem, já com rodas e paralamas inclusos, a caixa central foi montada com muito zêlo (todas as partes são originais, bacias, eixo), sendo que a única coisa que esta precisou foram esferas de 8mm novas... No restante, apenas limpeza... Para finalizar o conjunto, a bicicleta recebeu lanterna à vela marca Riemann's, bolsa de ferramentas alemã nova e sem uso bem como um cadeado também nas mesmas condições, sendo estes, acessórios de época que complementam o veículo e a restauração...
De fato, muito trabalho foi empregado nesta bicicleta, bem como, os custos de sua restauração passaram a ser exorbitantes, pois nada foi perdoado e tudo foi agregado da forma mais correta possível... Peças raríssimas foram compradas a "preço de ouro", pois bicicletas deste tipo e desta época, são verdadeiras preciosidades, tão raras, que poucos Museus europeus possuem tal exemplar... Até este momento, esta "Dürkopp Diana 1902" é a bicicleta mais antiga cadastrada a nível de Brasil, levando-se em conta a idade, o estado e as condições de uso...
Impressão ao Rodar: De início, estranha-se o fato de ser uma bicicleta de roda fixa, pois freio dianteiro é apenas por segurança, sendo que a força nas pernas em sentido contrário ajudam para diminuir a velocidade... Posso dizer com plena convicção que apesar da idade avançada, é simplesmente a melhor bicicleta que já pedalei minha vida, pois além de macia, possui o pedalar mais leve que já senti!!! Nada se compara ao pedalar desta bicicleta, nada mesmo... Simplesmente linda, perfeita e rara, esta testemunha da História sobre rodas, esta "Centenária Dürkopp Diana 1902"!!!
Agradecimentos: Agradeço de coração aos que participaram deste projeto, direta e indiretamente, pois trabalharam muito, muito mesmo para salvar uma parte da História sobre rodas, o único exemplar desta bicicleta no Brasil e um dos poucos que ainda restaram no Mundo...
Tadeu Chudzikiewicz: Pela paciência, zêlo e qualidade em seu inquestionável trabalho de recuperação
Kjell Alqjvist: Pelo envio de fotografias, informações e peças para a conclusão deste trabalho
Wolfgang Fickus: Ex-dono deste exemplar, que acreditou ser possível resgatar uma peça Histórica da destruição
Jeferson Nedbailuk: Grande amigo e torneiro, extremamente paciente e que fabricou várias peças de acabamento desta bicicleta
Valdeci Martinhaque: Especialista em cromo e técnicas de resgate de materias, pois salvou com maestria todas as partes niqueladas deste exemplar.
Texto publicado originalmente e gentilmente cedido por
MARCELO AFORNALI do BICICLETAS ANTIGAS.