segunda-feira, 3 de março de 2008

Fixa Bruno Machado


Quando eu vi a bicicleta do Gabriel pela primeira vez fiquei curioso porque parecia que faltava alguma coisa, quer dizer, achei que a bicicleta dele era simples demais para ser uma boa bicicleta. Logo depois da 10ª pergunta ele me perguntou se eu não queria andar um pouco para dar uma olhada.

Logo me convenci que em pouco tempo teria uma.

Hoje, convertido ao Culto da Roda-Fixa, já pedalo sem freio na minha mountain convertida, e quero logo adquirir um quadro de caloi10 - ou similar - do meu tamanho (56 ou 57cm), para pedalar ainda melhor.

Uma roda-fixa serve para quem quer ver a força empregada nos pedais ser convertida em mais velocidade, ou seja, pedalar rápido e com constância. Uma roda-fixa é para quem não gosta de "empurrar" aqueles câmbios feitos em Taiwan, para quem não gosta de ouvir barulhos estranhos ao pedalar e para quem acha que uma bicicleta deve ser elegante.

Hoje minha velha Sundown parece um navio cargueiro encalhado. Posso dizer que as moutains mais leves e com câmbios de última geração se aproximam no conforto, mas não tem a rooteza, a sagacidade e a maestria de uma roda-fixa.

Como diz o Dulcio, na fixa é mais "você com a bike", uma coisa de intimidade.

Sem falar que dá para pedalar sem as mãos o tempo todo - bom para fotografias em movimento e para voltar para casa com a mão no bolso (ou na orelha) num dia de frio. Sim, já fiz isso. "É o mesmo princípio do monociclo" (Gabba, vr. 4 cp. 5).

Tive a sorte de conseguir um bom pedivela (Sachs) a preço de ocasião, bem na numeração que eu queria (52 dentes), "numeração rara nesse tipo de peça" o vendedor me disse, em uma bicicletaria meio obscura que fica numa rua desconhecida, e, além disso, o Gabriel vendeu-me as rodas usadas em sua clássica Ali – um negócio da China.

Vendedores nunca vão te recomendar uma roda-fixa simplesmente porque eles não tem nenhuma para vender. Alguns acham que você está falando de freio-no-pé. Os bikers especializados entendem que as peças atuais fazem uma bicicleta muito rápida e confortável, mas um jogo de câmbio atualizado da Shimano custa na loja o mesmo que montar uma roda-fixa inteira. Gostaria de ter uma bicicleta com amortecedores para descer a Estrada da Graciosa, mas para as ruas curitibanas, estou fixo na fixa.

É legal aprender sozinho, mas algumas dicas desse blog que não lembrava, tive que aprender na marra: Lembre seu mecânico de travar a roda com a cola trava-rosca, sem a qual seu pinhão vai se soltar com a força contra-pedal. Principalmente se você quiser tirar os freios. Mantenha a corrente bem alinhada para que ela não caia, atenção vários metros à frente, não use cadarços fora do tênis e dobre a barra da calça até o joelho – para não ter que frear a bicicleta de um modo muito estranho e pouco divertido.

Levar um pequeno kit de ferramentas, câmara reserva, fazer revisões periódicas etc - é, às vezes, o que falta para garantir a pedalada de volta pra casa.

Use luvas e até capacete se sua religião permitir. Geralmente numa queda você tenta minimizar o impacto com as mãos, então uma boa luva é essencial.

Andar sem freio não tem nada a ver com descuido, muito pelo contrário, é aí que você não se arrisca mesmo. A fixa com dois freios gruda que nem chiclete no chão. Ter freio traseiro é redundante. Mas como eu me empolgo demais, e acrescentando o fato que o resto do trânsito não sabe que você está usando uma super rápida bicicleta que não sabe simplesmente "parar", só sabe acelerar e acelerar... a próxima versão da minha fixa terá o freio dianteiro. Só para emergências, porque nada como não precisar de freios. E de marchas.

Recomendo altamente.

6 comentários:

Anônimo disse...

tão bonito o depoimento...
essa bicicleta tem valor sentimental pra mim também :)

Anônimo disse...

parabéns. e com essa relaçãop deve ser um foguete!

Raul

Anônimo disse...

Alguém sabe quem é o ciclista de FIXA misterioso de BAURU?!?

Anônimo disse...

Ai, Gunnar. Nem é assim "misterioso". Eu só vi o cara subindo a avenida Rodrigues Alves. Não é tão esquisito ter um ciclista com uma roda fixa por aqui só por que é cidade do interior.

Camila

Gabriel Nogueira disse...

Eu já tive pessoas de vários lugares do Brasil entrando em contato e lembro de ter ouvido de gente com fixas em Vitória, Rio de Janeiro e São Paulo...Mandem seus relatos e fotos, gente!!!

não cidadão disse...

Saudações fixas de São Paulo!
Gunnar, quando estiver em Sampa dê um alô pra Tati para darmos uma pedalada!
Você também Gabriel, avise quando passar por aqui na volta!