sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Pedalando no asfalto congelado



Nesta semana enfrentamos uma forte queda de temperatura aqui em Londres e de terça-feira dia 11 de dezembro até hoje (dia 14) todas as manhãs foram de geada e asfalto com uma fina camada de gelo!

Mesmo com o “spreading” as ruas secundárias e mesmo algumas partes das ruas principais continuam bem lisas e perigosas para quem pedala com pneus finos.

Nestas condições algumas adaptações têm de ser feitas na bicicleta. Agora no inverno optei por um protetor do tubo superior (bate-lo no poste na hora de prender a bicicleta e deixar a umidade entrar em contato com o metal não é uma boa idéia!) e pára-lamas tipo “sks race blades”. Como a tolerância dos quadros de estrada, e principalmente os quadros de pista, é bem justa tornando impossível a instalação de pára-lamas “normais”, os “race blades” caem como uma luva!

A grande vantagem de se pedalar com roda-fixa e sem freios nestas condições é que a consciência em relação à abrasividade da pista aumenta e a tendência a ir mais devagar também!

Com uma leve “forçada” para trás nos pedais, se percebe o quão derrapante esta a pista. Em lugares onde há mais gelo, se tem de ir mais devagar e procurar não ultrapassar o limite de força negativa na hora de frear para não correr o risco de derrapar e só conseguir parar quando atingir a traseira de um ônibus!

Praticamente todos os dias passei por alguma situação de emergência, e tenho certeza de que se tivesse a opção de utilizar o freio dianteiro ou traseiro, teria ido pro chão devido ao chão estar extremamente liso!

Nestas condições de pista lisa, uma leve “pinçada” nos freios pode travar a roda, certamente causando uma queda.

Imaginem a situação: a) Chegando a um cruzamento e decidindo seguir em frente, um motorista retardado (ao invés de esperar atrás da bicicleta) decide ultrapassar e fazer a conversão, cortando a frente do ciclista.

Solução: Travar a roda traseira e derrapar. Ao perceber que será impossível evitar a colisão, destravar a roda e:

1- Fazer a curva no raio interno da curva do carro;

2- Escapar pelo outro lado e pensar positivo para que não venha nenhum outro carro atrás fazendo o mesmo.

Outra situação: b) Parado em um sinal, uma van a sua frente acelera violentamente e freia em seguida (para desviar de um carro parado em fila dupla).

Solução: Travar a roda traseira e derrapar. Ao perceber que será impossível evitar a colisão, destravar a roda e:

1- Dar um cavalo-de-pau para bater de lado na traseira da van (já com a velocidade reduzida);

2- Ir em direção à calçada, erguer a roda dianteira, a traseira e seguir pela calçada pensando positivo para que não tenha um pedestre na sua frente. Diminuir ao máximo a velocidade e voltar pra rua.

Resumindo, além do aumento de atenção, poder de previsão e consciência de fluxo, pedalar uma roda-fixa sem freios nas ruas congeladas, desde que dominando completamente as técnicas de frenagem, é mais uma vantagem em relação à bicicletas com roda-livre e freios.

Fotos:

1- Apenas uma coisa pára uma roda-fixa: A Tower Bridge aberta para a passagem de um navio pirata!

2- Enrique Ali preparada para o frio.


Links:

http://www.cogmag.com/

- Site do pessoal de Milwaukee. Ótimas fotos e informações da cultura da roda-fixa ao redor do mundo.

http://www.hkfixed.com/

- Até em Hong Kong! Entre no site e envie seu endereço pra receber um adesivo grátis!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Entrevista no programa de rádio "The Bike Show"


Algumas novidades interessantes:

- Eu fui chamado para uma entrevista num programa de radio aqui de Londres que tinha como tema a cultura da roda-fixa. Vocês podem ouvir o podcast da entrevista clicando no link seguinte:

http://thebikeshow.net/2007/12/04/3-december-2007-fixed-fever/

- A entrevista contou comigo e com uma das minas que ajudam a organizar e promover eventos relacionados com a cultura da roda-fixa aqui em Londres. Aqui existe inclusive um grupo de garotas que pedalam com fixa:

http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=279278149

No site de fotografias da Roxy, vocês podem encontrar uma sessão de fotos bacanas com bicicletas:

http://roxyerickson.com/

- No podcast você também ouvirão a engraçadíssima entrevista com o cara que escreve o site BikeSnobNYC, que tira o maior sarro (e de maneira muito inteligente e afiada) da onda da roda-fixa que vem crescendo e ganhando visibilidade cada vez maior nas grandes cidades do mundo:

http://bikesnobnyc.blogspot.com/

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

CENAS DAS RUAS



Acabei de lembrar que isso é um blog sobre roda-fixa. Incrível como tem cada vez mais gente pensando no assunto e entrando em contato por que estão construindo suas fixas Brasil afora...

Lembrem-se de olhar as postagens mais antigas com dicas de segurança e montagem.

Ai vão algumas “cenas das ruas” para inspira-los e alguns links bacanas também...

http://bikesnobnyc.blogspot.com/

- Este é de morrer de rir e mostra entre outras coisas a parte estúpida da moda das fixas que tomou conta das ruas de cidades como Nova Iorque, Chicago e São Francisco.

http://www.nytimes.com/2007/04/29/nyregion/thecity/29gear.html?ex=1335499200&en=bd285419a07b3fbb&ei=5088&partner=rssnyt&emc=rss

- Aqui esta a reportagem feita pelo NY Times sobre as fixas.

http://www.bobkestrut.com/2007/06/05/fixation/

- E aqui uma reportagem da revista Intersection feita por um amigo meu.

"VOCÊ SE DÁ MELHOR DE BICICLETA EM DISTÂNCIAS CURTAS"

Ai vai uma das várias imagens utilizadas pela "URBS" de Londres (Transport for London) nos pontos de ônibus estilo Clear Channel que tem por aqui...

Aqui neste link é possível ter uma idéia do que a cidade esta fazendo para correr atrás do prejuízo causado por anos e anos na "contramão" ao favorecer o uso de carros e de ônibus movidos a óleo diesel. Enquanto várias capitais Européias (principalmente as de países com mais tradição no ciclismo) adotam políticas eficientes e bem definidas pró-bicicleta, Londres ainda engatinha...
http://www.tfl.gov.uk/roadusers/cycling/972.aspx

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

sábado, 13 de outubro de 2007

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

terça-feira, 9 de outubro de 2007

BICICLETA NÃO PAGA



JAMES. QUINTA-FEIRA. 11 DE OUTUBRO. VÉSPERA DE FERIADO. RADIO LUXEMBURGO. O EVANGELHO SEGUNDO TONY DAY. OS DISSONANTES. GABBA (última noite nos toca-discos). LACUZ 12. GIOVANNI CARUSO. VINIL ORIGINAL. VÁ DE BICICLETA E NÃO PAGUE ENTRADA!

Rodrigo Cappuccino

Serviço: Festa "O Evangelho Segundo Tony Day " promovida pela RADIO LUXEMBURGO

Local: JAMES BAR – Rua Vicente Machado, 894

Data/Hora: Todas as QUINTAS a partir das 22:00h

Preço: R$6,00 ou R$0,00 (para quem for de bicicleta)

DJs : Gabba (RADIO LUXEMBURGO) + LACUZ 12 (Delírio Compactos) + GIOVANNI CARUSO (Tua Mãe), tocando o melhor do R'n b, Soul, Funk, Ye Ye, Ska e Psicodelia!

Bandas: 11/10 - Os Dissonantes, 18/10 - Mordida, 25/10 - Mariatchis

VISITEM OS SITES:

www.yahoogroups.com/group/radioluxemburgo

www.barjames.com.br

www.rodafixa.blogspot.com

www.joaquimlivraria.com.br

www.apocalipsemotorizado.blogspot.com

www.bicicletasantigas.com.br

www.somzala.blogspot.com

Use sempre camisinha – Se beber, não dirija – Diga não as drogas pesadas – Compre local!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

domingo, 16 de setembro de 2007

Roda-fixa na canaleta...


Curitiba esta mudando e cada vez mais se fala no assunto bicicleta! Ainda melhor se o assunto for roda-fixa!

O mês de setembro nos tras duas BICICLETADAS ( http://www.bicicletada.org/modules/news/ e http://www.bicicletadacuritiba.org/modules/xt_conteudo/?id=3/ )!
Uma no "Dia sem carro", dia 22 e a tradicional no último sábado de todo mês, ambas com concentração às 9:30 no pátio da Reitoria em Curitiba.

Além dos links a cima, a diversão fica com as fotos da única (e possível primeira) guría que pedala com roda-fixa nas ruas de Curitiba...Yasmin Barcik, minha irmã, com sua Caloi 10 recém convertida.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Com freio ou sem?


Esta é uma discussão freqüente entre os que pedalam com roda-fixa e existem argumentos a favor e contra ambas idéias...

Na verdade, por mais que não tenha freios, uma bicicleta com roda-fixa sempre conta com o fato de que a tração pode ser feita tanto para frente quanto pra trás, o que por si é considerado um freio! Logo, tendo ou não freios convencionais (leia-se manete, cabo, ferradura e sapatas) uma fixa sempre conta com a possibilidade de ser freada com as mesmas pernas que fazem com que ela ande para frente.

As bicicletas de velódromo originalmente não possuem sequer a furação no quadro e garfo para a montagem de freios convencionais, pois no velódromo todos vão na mesma direção e freios não são necessários.

As bicicletas de estrada, obviamente possuem furação para freios e quando uma é convertida para roda-fixa, é escolha do dono se esta vai ou não tê-los. Em geral ao se converter uma bicicleta de estrada, se mantém o freio dianteiro. Os iniciantes, por não dominarem as técnicas de frenagem em geral mantém ambos e logo percebem a inutilidade do freio traseiro.

Algumas bicicletas de pista vêm com furação apenas no garfo, o que permite a instalação apenas do freio dianteiro.

Com freios!

- Os músculos utilizados para frear somente com as pernas não são produtivos para o ciclismo;

- Utilizar as técnicas de travagem e derrapagem em excesso pode trazer sérios problemas aos seus joelhos, pé-de-vela, corrente e cubo;

- O freio dianteiro é o verdadeiro responsável pela frenagem de qualquer veículo com duas ou mais rodas, graças a uma lei básica da física chamada inércia. Sempre que se diminui a velocidade, o peso do conjunto é arremessado para frente, aliviando e diminuindo o atrito com o solo da parte traseira;

- O freio traseiro pode ser supérfluo em uma bicicleta com roda-fixa, pela tração ser direta e esta fazer o papel do mesmo, mas o dianteiro é fundamental em uma parada de emergência.

Sem freios!

- Não é permitido freio no velódromo;

- Freios não são necessários para segurança se você sabe como acelerar/diminuir a velocidade e parar com suas próprias pernas;

- Suas pernas são seu freio;

- Sua concentração aumenta quando você não tem freios;

- Sua sensação de conexão com a bicicleta e com o meio é maior;

- A verdadeira pedalada com roda-fixa dispensa freios.

- Uma bicicleta de pista é uma obra de arte sobre rodas, uma máquina elegante e praticamente uma jóia rara em movimento. Freios e furos estragam o quadro e o visual.


Foto por Marcelo Afornali

Links úteis:

www.bicicletasantigas.com.br

- Maior portal dedicado exclusivamente às veteranas da América Latina.

www.bicyclefilmfestival.com/2007_site/index.php

- Festival de cinema sobre bicicletas!!!

terça-feira, 11 de setembro de 2007

A mentalidade purista de culto à roda-fixa


Por Scott Larkin

Texto original em http://www.oldskooltrack.com/files/cult.mentality.frame.html

Tradução e adaptação de Gabriel Nogueira

Decidir pedalar uma bicicleta com roda-fixa parece contra-intuitivo, pois primeiro você desiste de umas tantas marchas, pra ficar apenas com uma; você renuncia a possibilidade de andar na banguela para sempre; você tem de “se explicar” aos ciclistas acostumados a suas bicicletas com dezenas de marchas, da mesma forma que um apreciador de discos de vinil se explica aos entusiastas da música digital.

Para um leigo, pedalar com roda-fixa soa como um caminho duro e tortuoso para o céu devido ao fato de ser algo que tem de ser experimentado para ser apreciado. O mais interessante é que os que experimentam quase nunca voltam atrás...

Em primeiro lugar, ninguém possui tamanha obsessão com peso do que os ciclistas. Quanto menos peso, mais rápido e com menos esforço se pedala. Eu mesmo já vi alguns compararem diferentes tipos de fita de guidão na tentativa de se livrar de alguns gramas!

Uma ótima maneira de diminuir não só gramas, mas quilos é simplesmente se livrando de tudo o que não for absolutamente necessário. Se livre do freio traseiro (e para algumas almas rebeldes, se livre do dianteiro também), jogue fora todas as coroas e fique com apenas uma, trocadores e tensionadores de corrente viram história, encurte a corrente, re-centre a roda traseira com apenas um pinhão preso direto ao cubo, alinhe a corrente e depois levante sua bicicleta com as mãos e perceba o quão mais leve ela esta agora. Lógico que uma bicicleta de titânio vai ser mais leve, mas a maneira mais fácil e econômica de diminuir o peso é simplesmente se livrando de algumas peças.

Existem mil coisas que podem dar errado em uma bicicleta com várias marchas, além disso, ajustes são freqüentemente necessários, peças precisam ser trocadas e sempre se escuta o barulho característico de todo este conjunto em funcionamento, o que significa perda de potência dissipada na forma de atrito entre peças e som.

As bicicletas de roda-fixa precisam somente de um pouco de óleo na corrente de vez em quando e quando algo dá errado (o que é bem raro) identificar o problema é instantâneo pelo fato de existirem poucas peças envolvidas.

Como o nome já diz, a roda traseira e o pé-de-vela são fixos, o que significa não poder parar de pedalar. A bicicleta é fixa também no que diz respeito a ter apenas uma marcha e não poder trocá-la. Enquanto a bicicleta esta em movimento, os pedais estão se movendo, o que dá ao ciclista um senso intuitivo da velocidade em que a bicicleta esta se movendo devido ao fato dos pedais estarem girando em uma velocidade sempre proporcional à velocidade das rodas.

Em uma bicicleta com roda-livre, o ciclista pode parar de pedalar e quando voltar a fazê-lo não terá certeza alguma se esta na marcha correta, o que leva a um pequeno jogo de tentativa e erro até encontrar a marcha correta. Óbvio que um ciclista experiente encontra a marcha correta sem muito esforço, mas o mesmo nunca terá a conexão direta que a roda-fixa oferece.

Para os que pedalam com o objetivo de treinar e se exercitar, existe ainda outra vantagem: é muito mais fácil e rápido fazer exercício e entrar em forma em uma roda-fixa do que em uma bicicleta “normal”. Simples, você nunca para de pedalar e a sensação é de se ter um técnico no seu cangote cada vez que você sai pra pedalar. Caso se pense em parar de pedalar para tomar um fôlego, um imediato e as vezes súbito “chicote” será sentido (o que acontece apenas com os ciclistas não íntimos da roda-fixa) como se fosse o “técnico” lembrando que pausas na pedalada não são permitidas.

Esta sensação só existe no começo e uma vez acostumado você percebe que o “sargento” nos seus calcanhares é na verdade um técnico bonzinho que esta te ensinando a pedalar corretamente.

Ciclistas que pedalam com roda-fixa não precisam se preocupar com o tanto que param de pedalar, pois esta possibilidade não é uma opção.

Pelo fato de seus pés poderem ser “chicoteados” para fora dos pedais, o uso de pedais com pedaleiras ou sapatilhas “clipless” é obrigatório.

Ao trocar de marcha existe sempre um momento, as vezes imperceptível, em que se pedala com menos pressão para que a próxima marcha engate, o que gera perda de potência. Assim como várias outras coisas, isso não ocorre com a roda-fixa, pois você tem apenas uma marcha e a corrente esta sempre na mesma coroa e pinhão, propiciando uma pedalada contínua e sem perda de potência.

Em geral não levamos em consideração a energia mental e física desperdiçada em uma bicicleta com muitas marchas e é só ao pensar as etapas que envolve a troca das mesmas que percebemos o desperdício. Imagine-se ao se aproximar de uma subida moderada; primeiro se avalia o terreno, se pensa na marcha que deve ser usada, aciona-se a alavanca de câmbio assegurando-se de que a marcha foi trocada suavemente antes de atingir a base da mesma. Começa a escalada e você avalia se esta na marcha correta, caso não esteja, na busca de uma marcha mais adequada perde um pouco mais de velocidade, atinge o topo da subida e depois faz o caminho inverso para se adequar à decida. É óbvio que muitos destes passos se tornam apenas reflexos automáticos em um ciclista experiente que, no entanto, perde considerável potência a cada vez que repete tal ação.

Agora, observe a mesma situação em uma bicicleta com roda-fixa; você se aproxima de uma subida; você pedala e...pronto! Inevitavelmente você força suas pernas para que se tornem mais fortes, pois você não tem opção de cambiar e isso fará com que as subidas sejam cada vez mais divertidas a medida que seu condicionamento físico melhora.

Sem embargo, a vantagem mais desejada ao se pedalar com roda-fixa é a sensação íntima de se fazer parte da bicicleta como se o conjunto homem+máquina fosse apenas um só, isto é, como se a bicicleta fosse uma extensão do próprio corpo. Com a roda-fixa você pode sentir cada nuance de velocidade, equilíbrio, aceleração e desaceleração, tendo a sensação mística de conexão que muitos ciclistas de roda-fixa se referem e é isso que nos leva ao aspecto da mentalidade de culto. Sempre que vemos outro ciclista com aquela inconfundível corrente esticada, se sabe imediatamente que ele ou ela compreende.

Esta sensação é de certa forma similar ao que acontece, por exemplo, quando dois hare krishnas se cruzam pela rua. Existe uma ligação e conexão não verbal imediata.

Para os leigos, uma bicicleta com roda-fixa e uma bicicleta “normal” são virtualmente iguais, o que cria por si uma conexão ainda mais “subcutânea” entre os que compreendem a roda-fixa. Não é necessário para quem pedala com roda-fixa ter um rabinho e togas cor de pêssego para que se reconheçam. A única coisa necessária é aquela marcha única e para ser franco, nunca aconteceu de alguém tentar me converter à roda-fixa na rodoviária o que faz a analogia ter suas falhas. Casos à parte, a mentalidade de culto permanece.

Outro aspecto que não pode ser deixado de lado na roda-fixa é a capacidade de frear a bicicleta sem a ajuda de freios. Você conta com a sua própria força para acelerar e diminuir a velocidade; para isso basta aplicar força nos pedais no sentido inverso ao da pedalada, pois o pé-de-vela esta conectado diretamente à roda traseira (e é por isso que alguns ciclistas pedalam sem freio, dando às suas pernas total controle sobre a aceleração e frenagem).

As bicicletas de roda-fixa possuem primas nas bicicletas de uma marcha, que ao invés do pinhão preso diretamente ao cubo contam com uma roda-livre ou catraca. Elas possuem as mesmas vantagens mecânicas e de peso, mas não contam com a conexão contínua ao pedalar, não podem ser freadas com as pernas e obviamente a sensação de conexão não existe.

Ao caminhar pelo centro da cidade de São Francisco (costa oeste dos Estados Unidos da América) há alguns anos atrás, eu me lembro de ver um entregador pedalando em meio ao tráfego lento, ziguezagueando de um lado pro outro como se fosse uma agulha costurando todos os carros juntos. Esta lembrança jamais se apaga da minha memória e creio que é pelo fato dele, de forma graciosa, seguir seu caminho passando pelos carros e sem querer, acabar tirando o maior sarro dos motoristas sentados no congestionamento.

Eu tenho certeza que o cara estava pedalando uma roda-fixa, não apenas por elas serem em geral usadas por entregadores, mas também por me surpreender ao notar que ele pedalava tanto ao aumentar, quanto ao diminuir a velocidade. Os ajustes que ele fazia em sua velocidade eram como os ajustes que um pássaro faz ao voar.

Se um dia minha sobrinha me perguntar o que significa a palavra “graça” (no sentido de belo), eu a levaria até o centro e esperaria um entregador pedalando uma fixa passar.

No fim percebo que romantizei um pouco demais sobre a roda-fixa. Não posso esquecer de mencionar que elas não são o tipo indicado de bicicletas para todos os tipos de pedaladas, pois caso o fossem veríamos até hoje os ciclistas fazendo o Tour de France com fixas, não é?


Links interessantes:

http://www.digave.com/videos/

- Vídeos feitos por Lucas Brunelle utilizando câmeras presas à seu capacete. Clique no link “About” para ver o equipamento utilizado.

http://www.trackbike.com/cmwc/2k/index.html

- Site com belas fotos de encontros e corridas de beco.

http://www.kenkifer.com/bikepages/health/risks.htm

- Pedalar é perigoso? Logo mais um resumo dos fatos e crendices populares que causam acidentes quando bicicletas estão no trânsito.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

VÁ DE BICICLETA! NÃO PAGUE A ENTRADA!


Toda quinta-feira a RADIO LUXEMBURGO promove uma festa chamada "O Evangelho Segundo Tony Day", onde os DJs GABBA e LACUZ 12 tocam vinil original da década de 60.

As vezes bandas ao vivo se apresentam também, como nesta semana (dia 06/09/2007 - véspera de feriado) que OS DISSONANTES sobem ao palco pra tocar sua canções originais influenciadas pela Invasão Britânica dos 60/Jovem Guarda e pelos sons inovadores do Britpop dos anos 90.

A festa começa sempre às 22:00 e a banda sobe ao palco a meia-noite.

A discotecagem é sempre feita com VINIL ORIGINAL e não com CDs e o que se ouve é o mais clássico (e muitas vezes desconhecido) SOUL, FUNK, R'N B, SKA, BEAT, YE YE FRANCES, PSICODELIA e JOVEM GUARDA!

A cerveja é classe "A"! Eisenbahn da torneira, Heineken de garrafa grande e as melhores nacionais produzidas em larga escala.

A RADIO LUXEMBURGO apóia e incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte urbano e não como mero instrumento recreativo/competitivo!

Vá de bicicleta e entre GRÁTIS! (Porteiro na frente do bar do começo ao fim da noite e bastante postes e canos para prender sua bici - Não esqueça a trava!)
Ah, quem for de RODA-FIXA GANHA UMA CERVEJA POR NOSSA CONTA!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

“Bicicletada” quer novo trato no uso do espaço urbano

“Movimento promove exposição e ciclo de debates no Centro de Criatividade e propõe uma guinada na questão da mobilidade urbana e da “cultura do automóvel”

No momento em que o número de carros em Curitiba se aproxima da espantosa marca do milhão, em meio aos alertas internacionais sobre o aquecimento planetário e na contramão da crise ambiental, a chamada cultura do automóvel estará no centro de uma série de debates que o movimento “Bicicletada” promove, a partir da próxima segunda-feira, 20 de agosto, às 19h30, no Centro de Criatividade, Parque São Lourenço, ao final da rua Mateus Leme. Trata-se do evento “A Bicicleta. A Arte. A Mobilidade.”.

Definindo-se como “independente, não passível de institucionalização e que funciona pela livre associação dos indivíduos”, “Bicicletada” é composto por universitários, intelectuais, e amigos da bicicleta em geral. A vinculação à criação e às artes aparece na agenda do encontro, que terá início já no sábado, 18 de agosto, às 16 horas, com a abertura da mostra de vinte pintores, escultores, fotógrafos e “performers”. Os organizadores pretendem que a exposição ganhe as ruas “como forma de convidar os curitibanos à reflexão e ao questionamento sobre os valores que definem a utilização do espaço público”.

O primeiro encontro, dia 20, reúne em torno ao tema da bicicleta como meio de transporte visto no contexto da questão da mobilidade urbana a vereadora Roseli Isidoro, o “consultor sobre mobilidade não-motorizada” Ulrich Jäger, e o jornalista José Carlos Fernandes. Na ocasião, serão projetados vídeo-documentários sobre os dilemas do transporte sobre duas rodas numa cidade que os coordenadores do evento consideram pouco amigável em relação à bicicleta.

Uma “mega-bicicletada” – passeio crítico pela cidade mediante o qual, “através da presença maciça de participantes os motoristas se vêem forçados a ceder espaço aos ciclistas” – está marcada para o sábado seguinte, dia 25, com saída a partir das 9h30 do pátio da Reitoria. A “intervenção” tem acontecido uma vez ao mês nos últimos doze meses e mobiliza ciclistas de todas as idades.

A programação dos debates se estende pelas três segundas-feiras seguintes, sempre no Centro de Criatividade a partir das 19h30. O segundo encontro, dia 27, incluirá aula prática de mecânica básica para a manutenção de bicicletas e a “conversa sobre cicloturismo e liberdade” com o artista plástico Fernando Rosenbaum e o “chef” Evandro Haribol.

Dia 3 de setembro, os artistas plásticos Leila Pugnaloni e Juan Parada, além do professor e crítico de arte Paulo Reis, debatem “A rua como espaço de convivência” relacionando o tema ao uso do espaço na arte contemporânea.

O evento se encerra dia 10 de setembro com a discussão sobre “A necessidade de um novo paradigma urbano”. Estão convidados para o último dia o deputado Fernando Gabeira, ainda sem confirmação, e “as autoridades municipais que quiserem aparecer para ouvir reivindicações”.
Maiores detalhes podem ser obtidos com Jorge Brand, Juan Parada e Fernando Rosenbaum através do e-mail bicicletada@gmail.com, souldefiance108@yahoo.com.br, e pelos fones (em Curitiba) 9678-7091 e 3324-3061.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Um carro pode matar. Uma bicicleta não.




Você pode teorizar sobre o mundo. Você pode sonhar com alguma utopia barata. Você pode discutir o que tornaria o mundo melhor...

...você poderia sair pela rua e tomar um banho de realidade sobre duas rodas! – Mário Siqueira.

Ontem eu quase fui atropelado (e possivelmente morto) por um ônibus “sanfonado” na rua Almirante Tamandaré, entre a rua Reinaldino de Quadros e a Fernando Amaro, no Alto da XV em Curitiba, Paraná, Brasil. “A” capital de primeiro mundo.

Vamos aos fatos práticos: Ciclista; lado direito da rua. Eu também ajudei a construir esta rua. Habilitado a dirigir veículos da categoria A e B! Pago IPVA e IPTU. Conheço as leis de transito e até fiz curso de reciclagem.

Não importa!

Eu não posso matar ninguém com minha bicicleta. O motorista do ônibus poderia matar até o xerife.

Teoricamente os motoristas profissionais (taxistas, motorista de ônibus, vans escolares, motoboys, etc.) são “os” caras que mais entendem o trânsito, mas não se engane. Eles têm o mesmo desejo de matar que o Charles Bronson!

Dá raiva. Eu entendo os motoristas. Dá raiva saber que o financiamento da caranga ta atrasado e que a gasolina ta cada vez mais cara (e que não adiantou comprar o carro “flex” por que o álcool acabou ficando caro também...merda!). O prefeito construiu mais um binário com o seu dinheiro e mesmo assim você ainda desperdiça horas preciosas tentando chegar em casa (mas pelo menos ta na rua mostrando o seu compensador fálico pra quem quiser ver).

O ciclista urbano é um guerrilheiro “branco”. É o cara que coloca uma rosa no cano de um fuzil e que tenta (muitas vezes em vão) ficar estático em frente a um tanque de guerra, mesmo sabendo que o próximo a virar carne moída pode ser ele mesmo.

Qual a saída? Xingar, gritar, bater o pé e mostrar o dedo do meio, ou conversar com os assassinos em potencial?

Bom, voltando ao fato: ciclista, lado direito da rua chegando perto de um cruzamento com mão para direita. Ônibus sanfonado atrás, motorista pisa fundo para fazer a conversão à direita, buzina e ultrapassa o ciclista dando-lhe uma bela fechada, mesmo sabendo que iria ter de frear para fazer a conversão. Passou perto gente!

Primeira reação: manter a calma e pensar em uma ação pra tentar resolver o problema.

Notei que o ônibus estava vazio, e provavelmente indo pro Terminal Guadalupe. Lembre-se que nenhum veículo é mais rápido que uma bicicleta num centro urbano, e foi fácil seguir o maníaco. Um cruzamento depois e eu já estava na cola, sinal fechado, calmamente saquei minha câmara, foto traseira, placa, número do veículo, empresa – prova do crime. Passo para a parte da frente, para não me surpreender em ver o cobrador e o motorista comemorando um quase assassinato. Foto de ambos, que inclusive posaram pra câmara com cara de “pescador depois de fisgar um peixe grande”.

Acompanhei o ônibus até o Terminal e esperei o grande motorista sair de dentro de sua máquina de matar. Agora, despido de sua armadura de lata, o “Sr. Volante” (passada a metamorfose) voltava a ser o “Sr. Andante”, senhor simpático que aceitou um panfleto pedindo mais cuidado com a vida dos ciclistas e do planeta e me escutou durante 5 minutos.

Foi uma conversa franca e calma, onde perguntei se ele sabia que poderia ser preso por tentativa de assassinato, e falei da necessidade dos “maiores” cuidarem dos “menores”. Expliquei pra ele que ele, com sua máquina, pode matar e os ciclistas não.

A justificativa do rapaz foi super simples: “mas eu buzinei!”.

Ai o papo se estendeu um pouco mais e descobri que ele sequer sabia que é proibido buzinar para pedestres e outros veículos e que ao fazer uma conversão e se encontrar atrás de uma bicicleta, deve-se esperar a bicicleta seguir e não ultrapassa-la e em seguida “fecha-la” na conversão...Enfim, descobri que para ser motorista “profissional” não é necessário saber os códigos e leis do ofício.

Moral da história, em nosso país esta não é a única profissão que carece de treinamento e educação, e que com esse “quase acidente” senti na pele que gritar, xingar, reclamar e mostrar o dedo do meio não leva a nada, a não ser aumentar o sentimento de raiva dos motoristas. Por mais óbvio que possa parecer, a única solução é a conscientização e a educação; tentar fazer o motorista se colocar na pele do ciclista e vice-versa.

Acho que o motorista entendeu. No fim pedi pra ele conversar com os chapas dele e passar o panfleto pra frente...

Links úteis (já que a novela das oito ainda não derreteu o seu cérebro por completo, vamos ver se o “iutube” consegue):

http://youtube.com/watch?v=KcNMkjAYI58

- Você é o Senhor Volante ou o Senhor Andande?

http://youtube.com/watch?v=KcNMkjAYI58

- A culpa não é minha! Que que adianta eu pará de queimá gasolina (ou álcool – é a mesma coisa gente!) se ta todo mundo andando de carro?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Por que roda-fixa?


Bicicletas de pista são leves, rápidas e respondem muito rápido aos comandos. Elas não têm freios e não permitem que se ande na banguela. Elas são projetadas para andar nos velódromos onde fazem um esporte divertido, belo e relativamente seguro (o Keirin no Japão, por exemplo, tem o mesmo status que a corrida de cavalos tem na maioria dos países ocidentais e movimenta altas quantias de dinheiro em apostas).

Agora, mais do que nunca, as pessoas estão andando com estas bicicletas nas ruas. Mais do que nunca fabricantes como Fuji, Bianchi, Gunnar, Cannondale, Surly e KHS estão fabricando bicicletas de pista ou “fixas-de-rua” acessíveis para um público cada vez maior.

O nome “roda-fixa” se apresenta em oposição à “roda-livre”. A nomenclatura popular também se refere à este tipo de tração como “pinhão-fixo” o que implica em duas idéias diferentes, assim como em língua inglesa. Os estado-unidenses chamam este tipo de máquina de “fixed-gear”, o que estaria para o nosso “pinhão-fixo” e que dá a idéia de “marcha-fixa”, isto é, uma única opção de marcha (o que acontece em bicicletas com uma marcha, mas que em geral possuem catraca). Já os britânicos utilizam o termo “fixed-wheel” (roda-fixa) em oposição óbvia ao sistema de “roda-livre” ou catraca. Pinhão ou engrenagem fixa diretamente ao cubo.

Roda-fixa significa apenas uma marcha e sem a opção de andar na banguela!

Quem pedala com roda-fixa?

Nos grandes centros urbanos ao redor do mundo, muitos ciclistas estão vindo de esportes como BMX, MTB, Downhill, Freeriding e Skate. Ciclistas de estrada, em começo de temporada, melhoram sua cadência em bicicletas com roda-fixa. Muitos entregadores de documentos (não existe sistema de entrega com carro, a pé ou de moto que seja mais rápido que uma bicicleta em um grande centro) escolhem a roda-fixa por seu baixo custo de manutenção e menos incomodo do que ter freios, cabos, trocadores, etc.

Os praticantes de Radball (um tipo de futebol sobre bicicletas, popular na Alemanha e Áustria) e os de Ciclismo artístico (uma espécie de ginástica artística sobre bicicletas) e os corredores de provas em velódromos utilizam bicicletas com roda-fixa também.

Alguns ciclistas estão nessa já há algum tempo. Dez, vinte, trinta anos atrás, eles competiam no velódromo ou trabalharam de entregador, o que os fez amar a elegância, simplicidade e o sentimento de “conexão” (tanto com a bicicleta quanto com o fluxo do trânsito) de uma bicicleta de pista na cidade e uma vez que pedalaram com roda-fixa, não voltaram atrás.

Na costa leste dos Estados Unidos, graças à influência caribenha, por mais de meio século, a opção de bicicleta para a piazada era o que um caribenho chamaria de “fixa” ou uma “de pista”. Alguns destes ciclistas eram competidores nacionais e/ou internacionais e acabaram levando esta tradição pros Estados Unidos. O dono da loja “Second Avenue Bicycles Plus” de Nova Iorque, diz se lembrar de pedalar com bicicleta de pista desde os anos 40!

Outra justificativa de vários entregadores de Londres é o fato de as bicicletas com roda-fixa serem um “sistema anti-roubo” natural, além destas bicicletas não chamarem a atenção dos ladrões (por não terem muitas peças e principalmente marchas, uma pessoa não conseguiria pedala-la em uma fuga sem treino apropriado) elas são mais leves e te “ajudam” a pedalar (mesmo não tendo a opção de andar na banguela, você sempre conta com a ajuda do impulso da roda traseira ao pedalar). Por último, e algo que também se aplica em cidades onde chove muito (como Londres e Curitiba) a roda-fixa oferece uma maior segurança de tração em superfícies molhadas.

Vários destes elementos acabaram se juntando e criando uma pequena sub-cultura que é sedenta por conhecimento sobre bicicletas, manobras de sobrevivência nas ruas, pilotagem e manutenção, ciclistas, quadros, componentes e lojas. Apesar de existir uma vasta gama de informação e publicações sobre bicicletas em geral, é difícil encontrar informação escrita, principalmente em português, sobre bicicletas de pista. A informação disponível foi passada de boca-a-boca por ciclistas da velha guarda e que mantiveram o espírito de pedalar com roda-fica nas ruas por todos estes anos.

Técnicas de roda-fixa no trânsito (Parte 4)


Controle de velocidade em decidas

Ao treinar as técnicas a seguir utilize-as em conjunto com seus freios e vá com calma.

Quem pedala com roda-fixa divide as descidas em dois tipos; com ou sem obstruções. Obstruções são, por exemplo, cruzamentos, preferenciais, obstáculos como óleo na pista, areia, buracos, pontos-cegos e outros perigos mais.

Descidas com obstruções

Neste tipo de decida você terá de controlar sua pedalada, ao invés de incentiva-la. Existem basicamente dois métodos para isso:

  1. “Slalom”

O slalom é o mesmo método utilizado pelos esquiadores e patinadores. A cada “batida”, tente transferir o peso para a roda dianteira. Este método é bem eficaz para reduzir a velocidade, especialmente naqueles momentos em que você está cansado, no entanto, esta forma de redução de velocidade depende de espaço livre dos lados (mais ou menos uma faixa inteira de trânsito, o que é raro nos grandes centros).

  1. “Pedalar para trás”

Já citamos anteriormente a impossibilidade de “andar na banguela” e pedalar em falso para trás, isso explica as aspas no sub-título. A técnica básica de frenagem em roda-fixa é oferecer resistência contrária nos pedais. Conforme você desce, uma perna empurra para baixo e para trás, enquanto a outra puxa para cima e para frente.

Esta técnica garante a maior interação do ciclista/bicicleta/meio. Quem esta bem treinado nestes fundamentos e conhece bem as ruas de sua própria cidade consegue atravessar a cidade inteira sem colocar os pés no chão. Um péssimo hábito herdado dos automóveis é o fator “acelerar ao máximo, para frear ao máximo uma quadra depois”, que num carro provoca consumo irracional de combustível e da mecânica (freios, embreagem, pneus, etc.). Os ciclistas que pedalam com roda-livre e freios convencionais acabam fazendo o mesmo, desenvolvendo assim uma menor capacidade de antecipar ações futuras (como um sinal vermelho, um congestionamento, uma pessoa saindo de um carro, etc.). Graças à possibilidade de controle e integração da roda-fixa, o ritmo de cruzeiro é controlado de acordo com as obstruções futuras, pedalando-se para frente ou “para trás”.

Descidas sem obstruções

Raramente encontradas nas cidades, mas quando encontrar alguma aproveite para esprintar e conhecer seu RPM máximo. Perceba qual a velocidade que você consegue atingir sem que seu traseiro suba e desça de forma deselegante sobre o selim.

Note que isso ocorre quando não se está pedalando eficientemente em círculos.

Outra opção em descidas é não fazer força nem para frente e nem para trás, deixando suas pernas “moles”, numa pedalada “fantasma” que apenas acompanha o movimento dos pedais. Isso é uma das grandes vantagens da roda-fixa sobre a roda-livre nos momentos de fadiga. Enquanto um ciclista com roda-livre após o esforço de uma subida, por exemplo, atinge o topo e entra em uma descida, a tendência é parar de pedalar para descansar, o que conseqüentemente leva a uma interrupção abrupta do movimento e a um maior acumulo de acido láctico nos músculos. Com a roda-fixa, mesmo que você esteja pedalando de forma “fantasma”, suas pernas não param de se movimentar, o que contribui para um descanso com menos acúmulo de ácido lático e menos radical para seu sistema circulatório.

Parar completamente

  1. “Pedalar para trás”

Este é o método mais fácil e que menos força seus joelhos na hora de parar. Você pode estar tanto sentado ou em pé (para aumentar a força de frenagem) e funciona ao, literalmente, fazer força para trás (contrária ao sentido dos pedais). Este método contribui também com a sua capacidade de aplicação de força em relação à distância que você tem de percorrer antes de parar...isso deixa a sua pedalada mais suave e menos estressante!

Existem outras formas de parar, que além de mais eficazes, são mais bacanas, mas que exigem maior treino e podem proporcionar problemas nos joelhos por uso repetitivo.

As técnicas a seguir são recomendadas para emergências, onde você tem de parar rapidamente.

  1. “Skipping” ou travadas

Para frear desta maneira, você tem que em primeiro lugar estar com os pés bem presos aos pedais (com pedaleiras e correias ou com sapatilha “clipless”).

- Alivie o peso da roda traseira;

- Puxe o pé dianteiro para cima e para frente enquanto empurra o pedal traseiro para baixo e para trás.

Esse método faz com que a roda pare de girar enquanto estiver no ar, oferecendo resistência quando toca o solo novamente. Você pode seguir estes passos repetidas vezes, até conseguir para completamente. Lembre-se que estando em pé, a eficiência deste método é maior.

  1. “Skidding” ou derrapagem

A idéia é a mesma da “travada”, mas o movimento é mais firme e rápido, junto de uma leve jogada para o lado, fazendo com que a roda traseira trave completamente.

Esta forma de frenagem exige mais experiência, principalmente em aliviar o peso sobre a roda traseira, e é extremamente duro com o cubo, contra-porca, corrente, pneu traseiro e especialmente seus joelhos! Essa maneira de frear só deve ser utilizada em emergências!

É comum entre os mensageiros de Nova Iorque, Londres e Tóquio fazerem competições de derrapagem, onde o objetivo é cobrir a maior distância possível derrapando com a roda traseira.

Links úteis:

http://tokyofixedgear.com/
- Site sobre a cena de Tóquio e de onde eu tirei a imagem desta postagem.
http://www.oldskooltrack.com/files/cult.mentality.frame.html
- Texto sobre a mentalidade e status de culto da roda-fixa.
http://www.angelfire.com/ca6/solovelo/WhyRideFixedGear.html
- Porquê diabos pedalar com roda-fixa?

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Segurança no trânsito (Parte 3)


- Use capacete (por razões óbvias)
- Caso você não esteja familiarizado com mecânica, bicicletas de roda-fixa não são uma boa opção para aprender! Devido a baixíssima margem de erro que permitem, detalhes que não fariam diferença em uma bicicleta “normal” podem causar graves acidentes em uma bicicleta com roda-fixa. Lembre-se que sua aceleração e frenagem dependem diretamente de uma forte e bem alinhada corrente. Na dúvida, procure uma oficina que esteja familiarizada com bicicletas de roda-fixa ou vá até o velódromo mais próximo trocar idéias com os ciclistas mais experientes.
- Antes de sair pelas ruas, treine e aprimore as técnicas descritas aqui em um lugar livre de obstáculos e pessoas. O lugar ideal é algum estacionamento vazio de supermercado ou coisa que o valha (O Mercadorama da Silva Jardim é uma boa nos domingos e o estacionamento do Parque Barigüí é uma boa em dias de semana).
- Utilize sua visão periférica e aprenda a “sentir” e ouvir carros vindo pelas suas costas ou em cruzamentos.
- Se acostume a olhar mais adiante do que você olharia se estivesse em uma bicicleta normal com roda-livre. Conte com seu sexto sentido e com a possível previsão de situações de risco.
- Faça aquecimento e se alongue antes de pedalar e antes de tentar as novas técnicas descritas aqui, especialmente se elas exigirem alguma parte de sua musculatura que não esteja acostumada com tal esforço/movimento.

Equipamento

- Utilize uma bicicleta adequada a seu tamanho e que tenha gancheiras horizontais.
- Lembre-se da importância do pinhão estar bem travado com trava-rosca e contra-porca, para que este não se solte ao se fazer força negativa (para freiar, por exemplo).
- Use pedaleira e correias e não pedais “clipless” e sapatilhas. É importante ter a opção de pedalar com a parte de baixo dos pedais no começo. Use de preferência correias duplas.
- Utilize tênis com sola lisa, sem travas e sem cadarço (rainha yatch é perfeito!). No começo é necessário agilidade na hora de tirar os pés dos pedais.
- O freio traseiro é opcional, mas o dianteiro é essencial! Especialmente no começo, o freio dianteiro é fundamental, quando ainda não se consegue frear apenas com a força de suas pernas. Eu, por exemplo, pedalei umas 2 semanas com os dois freios, uns 6 meses só com o da frente e agora não tenho nenhum, afinal, minha bicicleta atual é uma Enrique Ali de pista (gancheiras horizontais e sem furação para instalação de freios).
- Utilize uma combinação de coroa x pinhão que não torne uma subida impossível e tão pouco cause perda de controle em uma descida. Combinações boas são: 51 x 18, 47 x 16, 48 x 19. Utilize o calculador para mais opções de relações (Lembre-se que “cog/sprocket” significa pinhão e “chainring” significa coroa.) http://software.bareknucklebrigade.com/

Técnicas dirigidas à Roda-fixa:

“Track stand”

O “track stand” é o nome para a técnica de parar e manter o equilíbrio sem tirar os pés dos pedais. Para treinar esta manobra, utilize a parte de baixo dos pedais e tente dobrar as pedaleiras para que não se encostem no chão. Pare com os pedais na horizontal (posição “3-9 horas”), gire o guidão levemente para o lado em que o pedal estiver para frente (3 horas) e tente manter o equilíbrio.

Montar

É óbvio que você pode montar e desmontar de sua bicicleta com roda-fixa, da mesma maneira que o faria em uma bicicleta normal, mas pelo costume de as bicicletas de pista terem o guidão mais baixo do que o selim, o jeito mais fácil é passando a perna por cima do guidão seguindo os passos abaixo:
Posicione-se à esquerda da bicicleta e segure-a com a mão direita na mesa, mantendo a bicicleta levemente inclinada para a direita;
Ao mesmo tempo em que você chutar a perna direita por cima do guidão, jogue a bicicleta da mão direita para a mão esquerda, que irá segura-la na parte esquerda do guidão;
Coloque o pé direito no pedal e divirta-se!

Desmontar

Assim como montar, desmontar pode ser feito do jeito normal, mas pelo fato dos pedais seguirem girando para frente enquanto a roda estiver girando, o melhor jeito de desmontar é por trás da bicicleta:
Tire os pés das pedaleiras e utilize a parte de baixo dos pedais;
Quando o pedal direito atingir o topo da pedalada (12 horas), utilize-o para impulsionar o corpo para trás;
Tire as mãos do guidão, e enquanto estiver no ar, segure a parte traseira do selim;
Passe da posição “montado” para a posição “desmontado” elegantemente.

Prender as pedaleiras

Após montar, pedale devagar, de maneira a ser capaz de pisar na parte traseira do pedal, para que este gire e a ponta do seu pé entre na pedaleira;
Faça o mesmo com o outro pé.

- É possível montar e colocar os pés dentro da pedaleira parado utilizando um apoio seguro.
- Não deixe as correias demasiadamente apertadas quando estiver pedalando em meio ao tráfego pesado. É necessário que as correias estejam apertadas o suficiente para pedalar negativamente, e frouxas o suficiente para tirar o pé em caso de emergência.

Links úteis:
http://www.63xc.com/gregg/101_1.htm - Instruções (algumas ilustradas) para "como
fazer" em uma roda-fixa
http://www.escoladebicicleta.com.br/ - A parte sobre "segurança no trânsito" é especialmente interessante.
http://www.bicicletada.org/modules/news/ - Avisos de bicicletadas! Em Curitiba todo útimo sábado do mês com concentração às 9:30 da manhã no pátio da Reitoria.
http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/ - Blog sensacional sobre a infelicidade de ser motorista em grandes centros e as possibilidades de mudança através do uso da bicicleta.
http://www.bicicletasantigas.com.br/ - Maior site dedicado a bicicletas antigas da América Latina. Quer uma bicicleta clássica? Procure o Marcelo que ele dá um jeito!

sábado, 23 de junho de 2007

Segurança no trânsito (Parte 2)



Atento aos três perigos principais pode-se agora mudar o foco para as ruas da cidade. No caso, a cidade de Curitiba!

Eu sempre ouço muitos ciclistas dizerem que os motoristas de Curitiba não estão acostumados com bicicletas nas ruas e muitos não ciclistas dizendo que não começam a pedalar porque os motoristas não respeitam as bicicletas.

Antes de reclamações como estas, pense que existem duas maneiras de melhorar a relação ciclista/motorista:

1º Como você ciclista espera que os motoristas te respeitem, se você não respeita o código de trânsito?

- Não ande na contra-mão. Já parou pra pensar que somar velocidades em um acidente pode piorar bastante as coisas?

- Use sempre capacete

- Se for pedalar a noite use sinalização apropriada, o que incluí: ROUPAS CLARAS, luz BRANCA/AMARELA na frente e VERMELHA atrás.

- SEMPRE pare nos cruzamentos. Não importa se os semáforos estão verdes ou vermelhos ou se a preferência é sua ou não. Lembre-se que certo ou errado quem vai levar a pior em um acidente é o ciclista.

- Sinalize sua direção com os braços. Você não fica puto quando um motorista vira ou muda de faixa sem dar pisca? Não faça o mesmo e sinalize com seus braços! Vai virar à direita? Estique seu braço direito. Vai virar à esquerda? Estique seu braço esquerdo! (De acordo com o código de trânsito, a instrução é utilizar o braço esquerdo por cima da cabeça ao converter à direita. Isso faz sentido, partindo do ponto de vista de que a maioria da população é destra e que você deve sempre manter sua mão com maior firmeza no guidão, mas do ponto de vista visual, nada melhor que braços bem esticados apontando a direção que você vai).

- Jamais pedale utilizando fones de ouvido. Na situação de risco que você se encontra, não vale a pena contar com um sentido a menos na hora de identificar um caminhão tocando em cima de você.

2º O melhor jeito de fazer os motoristas se acostumarem com os ciclistas, é termos mais ciclistas nas ruas!

- O mantra de que “os carros não respeitam os ciclistas” é repetido também por motociclistas e por pedestres aqui em Curitiba e na maioria das cidades do Brasil. Eu não gosto de fazer comparações entre nosso país e países imperiais devido, principalmente, à diferença que 500 anos de história acarretam, mas farei uma comparação válida que não é diretamente ligada a isso: na Itália, a grande maioria dos motoristas, antes de o serem, pedalavam suas bicicletas e logo passavam para as motonetas e ciclomotores ao completarem a idade permitida para pilotar. Isto quer dizer que a maioria dos motoristas antes de estarem sentados atrás da direção (engordando e contribuindo com a destruição do planeta) já estiveram nas ruas em suas bicicletas ou motonetas, o que acaba fazendo com que este tipo de motorista consiga “enxergar” com os olhos dos ciclistas, etc.

No fim é tudo uma questão de ponto de vista. Os ciclistas daqui ficam putos quando os carros não os vêm e esquecem que a maioria dos motoristas não tem o cérebro programado para “ver” um ciclista, quem dirá enxergar o movimento com os “olhos” de um ciclista. (Sem falar que a grande maioria dos ciclistas sequer segue as regras básicas e andam na contramão, não utilizam luzes à noite, etc).

Sabendo disso, a melhor solução seria conscientizar os motoristas e fazê-los “enxergar” com olhos de ciclista. Ok, isso vai levar algumas centenas de anos...Sendo assim, o melhor para a sua integridade física é lembrar-se da frase “certo ou errado, quem leva a pior é sempre o mais fraco”. Existe uma guerra nas ruas e o melhor jeito de se defender é pedalar levando estas regras em alta consideração.

3º Evite as ruas mais movimentadas e procure utilizar a rede de ciclovias e as canaletas do bi-articulado observando os seguintes detalhes:

-
- Ao pedalar pela ciclovia lembre-se da regra básica de manter-se à direita.


- Ao pedalar em ciclovias com circulação compartilhada preze pela segurança dos pedestres e em casos de ciclovias lado-a-lado de calçadas, procure instruir e incentivar os pedestres a caminhar pela calçada, deixando a ciclovia para as bicicletas.


- Em ciclovias ao lado de ruas, cuidado com as entradas e saídas de veículos. Lembre-se que, infelizmente, a maioria dos motoristas ao entrar ou sair de suas garagens está mais preocupado com o sentido do trânsito da rua, esquecendo-se que o sentido na ciclovia é de mão-dupla.


- Saiba que é legalmente proibido pedalar nas canaletas do bi-articulado como mostram as placas de sinalização ao longo das mesmas. Esta proibição exime os motoristas em caso de acidentes com ciclistas. O problema desta lei é que ela não leva em consideração que é mais fácil para o ciclista prestar atenção em alguns ônibus do que prestar atenção em milhares de carros, motos, carroças, pedestres, carrinheiros...As chances de acidente são menores nas canaletas caso observado as seguintes regras de boa convivência: 1- Lembre-se que não apenas bi-articulados circulam pelas canaletas. Apesar de pouco comum, carros de polícia, ambulância e bombeiro podem circular pelas canaletas. Esteja preparado para “enxergar” toda esta variedade de veículos 2- Nunca passe por dentro de terminais ou entre dois ônibus parados. 3- Ande sempre na contramão, mantendo sempre atenção à frente. Caso identifique um veículo se aproximando, olhe para trás rapidamente (a fim de identificar algum veículo vindo na faixa da direita) e caso a faixa esteja livre mude de faixa até que o veículo tenha passado, voltando para a esquerda em seguida, assim que esta esteja livre. Os veículos que circulam nas canaletas normalmente o fazem em alta velocidade e caso se esteja pedalando na faixa da direita, por mais atento que se possa estar, um veículo que vem por trás pode ser notado apenas quando for tarde demais! 4- Caso observe um veículo vindo pela frente e outro por trás na faixa da direita, não hesite em sair da canaleta e ir para cima da ilha entre a mesma e a rua.

Obs: NÃO INCENTIVAMOS A CIRCULAÇÃO PELAS CANALETAS DO BI-ARTICULADO, APENAS ACONSELHAMOS OS CICLISTAS QUE O FOREM FAZER, A PEDALAR DE FORMA A MINIMIZAR RISCOS.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Perigos da Roda-fixa (Parte 1)

(Image from http://sheldonbrown.com/harris/bianchi04/pages/bianchi-04-pistase-14.html)

Antes de iniciar nosso guia de segurança, especialmente para os novatos em pedalar com roda-fixa, existem três situações de PERIGO que não existem em bicicletas com roda-livre. Lembre-se que uma bicicleta com roda-fixa bem cuidada e com a manutenção em dia é tão segura quanto qualquer outra.

- Bater o pedal no chão

Acredito que isso já deve ter ocorrido com a maioria dos ciclistas, mesmo em bicicletas com roda-livre. A situação é a seguinte: “você está com pressa, e decide fazer uma curva fechada sem parar de pedalar”. O que acontece? O pedal atinge o solo e você quase cai. Um jeito fácil de resolver o problema em bicicletas “normais” é simplesmente não pedalar nas curvas e manter o pedal na posição horizontal.

Nas bicicletas de roda-fixa não temos a opção de “parar de pedalar”, logo, a atenção tem de ser redobrada ao fazer curvas e ao subir e descer do meio-fio, pois caso seu pedal bata no chão, é bem provável que em seguida sua cara acabe batendo também.

O ideal é não utilizar o pé-de-vela de estrada que vem com bicicletas speed antigas (170 mm). Uma boa opção é mudar para um pé-de-vela de 165 mm e usar pedais mais compactos para aumentar a distância entre os mesmos e o chão em uma curva.

Obs: Atento a este detalhe percebe-se o quanto se para de pedalar com bicicletas com roda-livre, não? Ao fazer curvas, ao passar sobre lombadas, ao subir e descer meio-fio, ao frear...

- Derrubar a corrente/Travar a roda traseira

Quando a corrente cai em uma bicicleta normal, o máximo que pode acontecer é você frear, descer da bicicleta e colocá-la no lugar.

Em uma bicicleta com roda-fixa, se a corrente cair, ela pode travar o pinhão traseiro e conseqüentemente a roda traseira. Se você estiver em linha reta, há uma grande chance de conseguir manter-se equilibrado, o que não acontecerá se você estiver fazendo uma curva, por exemplo.

Mantenha sua corrente sempre bem alinhada e bem esticada!

- Engatar dedos, peças de roupa, cadarços, etc.

Atenção especial quando estiver revisando sua bicicleta e for pedalá-la enquanto esta estiver num suporte.

Ao pedalar a bicicleta a mão, por exemplo, e acidentalmente algo entrar em contato com corrente, pinhão ou coroa, graças à inércia causada pela roda, o conjunto vai continuar em movimento até completar ao menos uma revolução.

Da mesma maneira, quando estiver pedalando sua bicicleta, não use calças muito largas ou tênis com cadarço, pois eles podem engatar na corrente. Isso não é um grande problema em bicicletas “normais”, porque quando este tipo de coisa acontece, você pode parar de pedalar e depois pedalar para trás, para soltar o que engatou. Isso não é possível em bicicletas com roda-fixa e o simples engatar de um cadarço pode causar um acidente grave.


Clique aqui para maiores informações e segurança ao pedalar com roda-fixa: http://www.63xc.com/gregg/101_2.htm

domingo, 17 de junho de 2007

Como converter sua bicicleta em Roda-fixa


Apesar de existir no site www.bikemagazine.com um passo-a-passo de como converter uma Caloi 10 em roda-fixa veja a seguir como executar a conversão gastando o mínimo possível. A foto a cima mostra minha Monark 10 Positron momentos antes de se tornar uma discreta e elegante roda-fixa.

1º Remova todas as peças desnecessárias:

- Todo o sistema de câmbio

Incluindo alavancas de troca, cabos e os câmbios em si, afinal, agora você irá vencer os obstáculos usando seus músculos e seu cérebro e não qualquer outro artifício.

- A corrente

Que além de demasiadamente longa, deve ser sempre o mais nova e confiável o possível em bicicletas de roda-fixa, pois além de transmitir a potência das suas pernas para a roda traseira, funcionará também como seu “freio traseiro”.

- Coroas extras

A partir de agora você precisará somente de uma coroa e não de duas ou três. Fique apenas com a que se adapta melhor ao terreno onde você vai pedalar. (Lembre-se que quanto maior a coroa, e quanto menor o pinhão, mais pesada será a relação. Uma relação demasiadamente pesada será boa nas descidas, mas desagradável nas subidas; já uma relação demasiadamente leve será boa para subidas, mas desagradável para descidas.). Uma boa maneira de definir qual é a relação que melhor se adapta ao seu estilo e terreno, é utilizando uma bicicleta com marchas e tentando descobrir qual é a combinação ideal.

- Freio traseiro

Remova o manete de freio, o cabo e a ferradura. Agora quem fará a função de freio traseiro serão suas próprias pernas. (Não remova o freio dianteiro. Apesar de controverso, a remoção do freio dianteiro pode significar a diferença entre perder seus dentes ou não.).

- Catraca com 5 ou 6 pinhões

Você vai substituir este monte de engrenagens por apenas um pinhão rosqueado diretamente ao cubo e um anel de travamento.

2º Peças necessárias:

- Parafusos curtos de fixação da coroa ao pé-de-vela

Dependendo do tipo de pé-de-vela a ser utilizado, os parafusos originais são longos demais para serem utilizados com apenas uma coroa. Já no caso de pé-de-vela monobloco como o da Monark, existem inúmeros tamanhos de coroas que podem ser encaixadas diretamente, dispensando o uso de tais parafusos. Eu, por exemplo, utilizo a coroa maior original da Positron, tendo apenas me livrado da menor.

- Pinhão de rosca

Encontrados em diversos tamanhos, de 12 a 20 dentes. Lembre-se da relação, mencionada a cima, que existe entre o pinhão e a coroa.

- Corrente nova

Em geral uma corrente “grossa” de BMX resolve o problema.

- Travador de rosca Loctite ou Three-bond

Para a fixação do pinhão diretamente ao cubo, de forma que este não desrosqueie quando forçados para trás é ideal o uso de trava rosca.

- Anel de travamento

(Que pode ser o do movimento central da Caloi 10, por exemplo) Como estaremos utilizando um cubo tradicional (sem a rosca escalonada, como nos cubos de pista), necessitaremos do travador de rosca a cima em conjunto com o anel que funcionará como uma contra-porca.

- Espaçadores para o eixo traseiro

Agora que você terá apenas um pinhão no seu cubo traseiro, será necessário preencher o espaço extra no eixo com espaçadores.

3º Trabalho necessário

Embora alguns aventureiros gostem de fazer o trabalho sozinhos, eu recomendo levar a bicicleta à um mecânico profissional, afinal o baixo custo da mão de obra aqui no Brasil não justifica sujar as mãos de graxa e de correr o risco de fazer coisas mal feitas, podendo comprometer sua segurança e a durabilidade de sua máquina.

- Alinhamento do pinhão com a coroa

O alinhamento deve ser o mais próximo do perfeito o possível. Enquanto bicicletas com marchas não dependem de um alinhamento perfeito entre coroa e pinhão, este fator se torna fundamental nas bicicletas com roda-fixa. Em bicicletas com roda-livre, a força só é aplicada no conjunto da transmissão no sentido positivo (para frente, isto é, no sentido da pedalada). Já nas bicicletas com roda-fixa, a força pode ser aplicada negativamente (para trás, isso é, no sentido contrário ao da pedalada) ao diminuir a velocidade, por exemplo, e/ou utilizar a técnica de derrapagem/travamento para frear de forma mais eficiente. Comentaremos as técnicas de frenagem com roda-fixa na parte de segurança ao pedalar. Não esqueça também que a corrente deve estar extremamente esticada, com a roda posicionada o mais para trás o possível.

- Definir o espaçamento do eixo do cubo traseiro

O que garante um alinhamento perfeito entre coroa e pinhão, um fator crítico no caso da utilização de roda-fixa.

- Centragem da roda traseira

Como o ângulo dos raios do lado esquerdo não necessita ser tão grande (para compensar a presença da catraca mais seus 5 ou 6 pinhões do lado direito), a roda deve ser re-centrada após a escolha e alinhamento do pinhão fixo. Observe que a centragem é feita em relação ao quadro e a geometria da bicicleta em si. É a centragem que garante o alinhamento das duas rodas. Nas bicicletas de roda-fixa o ângulo dos raios é praticamente o mesmo em ambos lados, como na roda dianteira da maioria das bicicletas.

Obs: A utilização de espaçadores garante o alinhamento entre pinhão e coroa, enquanto que a centragem garante o alinhamento entre as rodas e o quadro.

- Comprimento da corrente

O comprimento da corrente deve ser definido com o eixo traseiro posicionado no meio da gancheira. A corrente deve estar bem esticada quando o eixo estiver na posição mediana nas gancheiras. Diminua a corrente, caso esta esteja demasiadamente longa.

- Tensão da corrente

Em bicicletas com roda fixa, a tensão da corrente é algo extremamente importante como dito a cima. Lembre-se também que uma corrente demasiadamente justa pode arrebentar ou mesmo puxar a roda traseira para frente podendo causar um grave acidente. Uma corrente demasiadamente solta pode pular quando sofrer força negativa podendo travar a roda traseira e fazendo com que você perca um dente ou dois...

Pronto, agora você possui uma bicicleta de roda-fixa! Lembre-se que ao pedalar algumas regras de segurança devem ser observadas para evitar acidentes. Pedalar com roda-fixa é um tanto quanto extremo! Pratique em um local de preferência sem pessoas e carros até que você se sinta seguro o suficiente para pedalar pelas ruas da cidade. Na próxima postagem teremos algumas dicas de como pedalar com segurança em grandes centros urbanos.