terça-feira, 28 de agosto de 2007

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

“Bicicletada” quer novo trato no uso do espaço urbano

“Movimento promove exposição e ciclo de debates no Centro de Criatividade e propõe uma guinada na questão da mobilidade urbana e da “cultura do automóvel”

No momento em que o número de carros em Curitiba se aproxima da espantosa marca do milhão, em meio aos alertas internacionais sobre o aquecimento planetário e na contramão da crise ambiental, a chamada cultura do automóvel estará no centro de uma série de debates que o movimento “Bicicletada” promove, a partir da próxima segunda-feira, 20 de agosto, às 19h30, no Centro de Criatividade, Parque São Lourenço, ao final da rua Mateus Leme. Trata-se do evento “A Bicicleta. A Arte. A Mobilidade.”.

Definindo-se como “independente, não passível de institucionalização e que funciona pela livre associação dos indivíduos”, “Bicicletada” é composto por universitários, intelectuais, e amigos da bicicleta em geral. A vinculação à criação e às artes aparece na agenda do encontro, que terá início já no sábado, 18 de agosto, às 16 horas, com a abertura da mostra de vinte pintores, escultores, fotógrafos e “performers”. Os organizadores pretendem que a exposição ganhe as ruas “como forma de convidar os curitibanos à reflexão e ao questionamento sobre os valores que definem a utilização do espaço público”.

O primeiro encontro, dia 20, reúne em torno ao tema da bicicleta como meio de transporte visto no contexto da questão da mobilidade urbana a vereadora Roseli Isidoro, o “consultor sobre mobilidade não-motorizada” Ulrich Jäger, e o jornalista José Carlos Fernandes. Na ocasião, serão projetados vídeo-documentários sobre os dilemas do transporte sobre duas rodas numa cidade que os coordenadores do evento consideram pouco amigável em relação à bicicleta.

Uma “mega-bicicletada” – passeio crítico pela cidade mediante o qual, “através da presença maciça de participantes os motoristas se vêem forçados a ceder espaço aos ciclistas” – está marcada para o sábado seguinte, dia 25, com saída a partir das 9h30 do pátio da Reitoria. A “intervenção” tem acontecido uma vez ao mês nos últimos doze meses e mobiliza ciclistas de todas as idades.

A programação dos debates se estende pelas três segundas-feiras seguintes, sempre no Centro de Criatividade a partir das 19h30. O segundo encontro, dia 27, incluirá aula prática de mecânica básica para a manutenção de bicicletas e a “conversa sobre cicloturismo e liberdade” com o artista plástico Fernando Rosenbaum e o “chef” Evandro Haribol.

Dia 3 de setembro, os artistas plásticos Leila Pugnaloni e Juan Parada, além do professor e crítico de arte Paulo Reis, debatem “A rua como espaço de convivência” relacionando o tema ao uso do espaço na arte contemporânea.

O evento se encerra dia 10 de setembro com a discussão sobre “A necessidade de um novo paradigma urbano”. Estão convidados para o último dia o deputado Fernando Gabeira, ainda sem confirmação, e “as autoridades municipais que quiserem aparecer para ouvir reivindicações”.
Maiores detalhes podem ser obtidos com Jorge Brand, Juan Parada e Fernando Rosenbaum através do e-mail bicicletada@gmail.com, souldefiance108@yahoo.com.br, e pelos fones (em Curitiba) 9678-7091 e 3324-3061.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Um carro pode matar. Uma bicicleta não.




Você pode teorizar sobre o mundo. Você pode sonhar com alguma utopia barata. Você pode discutir o que tornaria o mundo melhor...

...você poderia sair pela rua e tomar um banho de realidade sobre duas rodas! – Mário Siqueira.

Ontem eu quase fui atropelado (e possivelmente morto) por um ônibus “sanfonado” na rua Almirante Tamandaré, entre a rua Reinaldino de Quadros e a Fernando Amaro, no Alto da XV em Curitiba, Paraná, Brasil. “A” capital de primeiro mundo.

Vamos aos fatos práticos: Ciclista; lado direito da rua. Eu também ajudei a construir esta rua. Habilitado a dirigir veículos da categoria A e B! Pago IPVA e IPTU. Conheço as leis de transito e até fiz curso de reciclagem.

Não importa!

Eu não posso matar ninguém com minha bicicleta. O motorista do ônibus poderia matar até o xerife.

Teoricamente os motoristas profissionais (taxistas, motorista de ônibus, vans escolares, motoboys, etc.) são “os” caras que mais entendem o trânsito, mas não se engane. Eles têm o mesmo desejo de matar que o Charles Bronson!

Dá raiva. Eu entendo os motoristas. Dá raiva saber que o financiamento da caranga ta atrasado e que a gasolina ta cada vez mais cara (e que não adiantou comprar o carro “flex” por que o álcool acabou ficando caro também...merda!). O prefeito construiu mais um binário com o seu dinheiro e mesmo assim você ainda desperdiça horas preciosas tentando chegar em casa (mas pelo menos ta na rua mostrando o seu compensador fálico pra quem quiser ver).

O ciclista urbano é um guerrilheiro “branco”. É o cara que coloca uma rosa no cano de um fuzil e que tenta (muitas vezes em vão) ficar estático em frente a um tanque de guerra, mesmo sabendo que o próximo a virar carne moída pode ser ele mesmo.

Qual a saída? Xingar, gritar, bater o pé e mostrar o dedo do meio, ou conversar com os assassinos em potencial?

Bom, voltando ao fato: ciclista, lado direito da rua chegando perto de um cruzamento com mão para direita. Ônibus sanfonado atrás, motorista pisa fundo para fazer a conversão à direita, buzina e ultrapassa o ciclista dando-lhe uma bela fechada, mesmo sabendo que iria ter de frear para fazer a conversão. Passou perto gente!

Primeira reação: manter a calma e pensar em uma ação pra tentar resolver o problema.

Notei que o ônibus estava vazio, e provavelmente indo pro Terminal Guadalupe. Lembre-se que nenhum veículo é mais rápido que uma bicicleta num centro urbano, e foi fácil seguir o maníaco. Um cruzamento depois e eu já estava na cola, sinal fechado, calmamente saquei minha câmara, foto traseira, placa, número do veículo, empresa – prova do crime. Passo para a parte da frente, para não me surpreender em ver o cobrador e o motorista comemorando um quase assassinato. Foto de ambos, que inclusive posaram pra câmara com cara de “pescador depois de fisgar um peixe grande”.

Acompanhei o ônibus até o Terminal e esperei o grande motorista sair de dentro de sua máquina de matar. Agora, despido de sua armadura de lata, o “Sr. Volante” (passada a metamorfose) voltava a ser o “Sr. Andante”, senhor simpático que aceitou um panfleto pedindo mais cuidado com a vida dos ciclistas e do planeta e me escutou durante 5 minutos.

Foi uma conversa franca e calma, onde perguntei se ele sabia que poderia ser preso por tentativa de assassinato, e falei da necessidade dos “maiores” cuidarem dos “menores”. Expliquei pra ele que ele, com sua máquina, pode matar e os ciclistas não.

A justificativa do rapaz foi super simples: “mas eu buzinei!”.

Ai o papo se estendeu um pouco mais e descobri que ele sequer sabia que é proibido buzinar para pedestres e outros veículos e que ao fazer uma conversão e se encontrar atrás de uma bicicleta, deve-se esperar a bicicleta seguir e não ultrapassa-la e em seguida “fecha-la” na conversão...Enfim, descobri que para ser motorista “profissional” não é necessário saber os códigos e leis do ofício.

Moral da história, em nosso país esta não é a única profissão que carece de treinamento e educação, e que com esse “quase acidente” senti na pele que gritar, xingar, reclamar e mostrar o dedo do meio não leva a nada, a não ser aumentar o sentimento de raiva dos motoristas. Por mais óbvio que possa parecer, a única solução é a conscientização e a educação; tentar fazer o motorista se colocar na pele do ciclista e vice-versa.

Acho que o motorista entendeu. No fim pedi pra ele conversar com os chapas dele e passar o panfleto pra frente...

Links úteis (já que a novela das oito ainda não derreteu o seu cérebro por completo, vamos ver se o “iutube” consegue):

http://youtube.com/watch?v=KcNMkjAYI58

- Você é o Senhor Volante ou o Senhor Andande?

http://youtube.com/watch?v=KcNMkjAYI58

- A culpa não é minha! Que que adianta eu pará de queimá gasolina (ou álcool – é a mesma coisa gente!) se ta todo mundo andando de carro?

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Por que roda-fixa?


Bicicletas de pista são leves, rápidas e respondem muito rápido aos comandos. Elas não têm freios e não permitem que se ande na banguela. Elas são projetadas para andar nos velódromos onde fazem um esporte divertido, belo e relativamente seguro (o Keirin no Japão, por exemplo, tem o mesmo status que a corrida de cavalos tem na maioria dos países ocidentais e movimenta altas quantias de dinheiro em apostas).

Agora, mais do que nunca, as pessoas estão andando com estas bicicletas nas ruas. Mais do que nunca fabricantes como Fuji, Bianchi, Gunnar, Cannondale, Surly e KHS estão fabricando bicicletas de pista ou “fixas-de-rua” acessíveis para um público cada vez maior.

O nome “roda-fixa” se apresenta em oposição à “roda-livre”. A nomenclatura popular também se refere à este tipo de tração como “pinhão-fixo” o que implica em duas idéias diferentes, assim como em língua inglesa. Os estado-unidenses chamam este tipo de máquina de “fixed-gear”, o que estaria para o nosso “pinhão-fixo” e que dá a idéia de “marcha-fixa”, isto é, uma única opção de marcha (o que acontece em bicicletas com uma marcha, mas que em geral possuem catraca). Já os britânicos utilizam o termo “fixed-wheel” (roda-fixa) em oposição óbvia ao sistema de “roda-livre” ou catraca. Pinhão ou engrenagem fixa diretamente ao cubo.

Roda-fixa significa apenas uma marcha e sem a opção de andar na banguela!

Quem pedala com roda-fixa?

Nos grandes centros urbanos ao redor do mundo, muitos ciclistas estão vindo de esportes como BMX, MTB, Downhill, Freeriding e Skate. Ciclistas de estrada, em começo de temporada, melhoram sua cadência em bicicletas com roda-fixa. Muitos entregadores de documentos (não existe sistema de entrega com carro, a pé ou de moto que seja mais rápido que uma bicicleta em um grande centro) escolhem a roda-fixa por seu baixo custo de manutenção e menos incomodo do que ter freios, cabos, trocadores, etc.

Os praticantes de Radball (um tipo de futebol sobre bicicletas, popular na Alemanha e Áustria) e os de Ciclismo artístico (uma espécie de ginástica artística sobre bicicletas) e os corredores de provas em velódromos utilizam bicicletas com roda-fixa também.

Alguns ciclistas estão nessa já há algum tempo. Dez, vinte, trinta anos atrás, eles competiam no velódromo ou trabalharam de entregador, o que os fez amar a elegância, simplicidade e o sentimento de “conexão” (tanto com a bicicleta quanto com o fluxo do trânsito) de uma bicicleta de pista na cidade e uma vez que pedalaram com roda-fixa, não voltaram atrás.

Na costa leste dos Estados Unidos, graças à influência caribenha, por mais de meio século, a opção de bicicleta para a piazada era o que um caribenho chamaria de “fixa” ou uma “de pista”. Alguns destes ciclistas eram competidores nacionais e/ou internacionais e acabaram levando esta tradição pros Estados Unidos. O dono da loja “Second Avenue Bicycles Plus” de Nova Iorque, diz se lembrar de pedalar com bicicleta de pista desde os anos 40!

Outra justificativa de vários entregadores de Londres é o fato de as bicicletas com roda-fixa serem um “sistema anti-roubo” natural, além destas bicicletas não chamarem a atenção dos ladrões (por não terem muitas peças e principalmente marchas, uma pessoa não conseguiria pedala-la em uma fuga sem treino apropriado) elas são mais leves e te “ajudam” a pedalar (mesmo não tendo a opção de andar na banguela, você sempre conta com a ajuda do impulso da roda traseira ao pedalar). Por último, e algo que também se aplica em cidades onde chove muito (como Londres e Curitiba) a roda-fixa oferece uma maior segurança de tração em superfícies molhadas.

Vários destes elementos acabaram se juntando e criando uma pequena sub-cultura que é sedenta por conhecimento sobre bicicletas, manobras de sobrevivência nas ruas, pilotagem e manutenção, ciclistas, quadros, componentes e lojas. Apesar de existir uma vasta gama de informação e publicações sobre bicicletas em geral, é difícil encontrar informação escrita, principalmente em português, sobre bicicletas de pista. A informação disponível foi passada de boca-a-boca por ciclistas da velha guarda e que mantiveram o espírito de pedalar com roda-fica nas ruas por todos estes anos.

Técnicas de roda-fixa no trânsito (Parte 4)


Controle de velocidade em decidas

Ao treinar as técnicas a seguir utilize-as em conjunto com seus freios e vá com calma.

Quem pedala com roda-fixa divide as descidas em dois tipos; com ou sem obstruções. Obstruções são, por exemplo, cruzamentos, preferenciais, obstáculos como óleo na pista, areia, buracos, pontos-cegos e outros perigos mais.

Descidas com obstruções

Neste tipo de decida você terá de controlar sua pedalada, ao invés de incentiva-la. Existem basicamente dois métodos para isso:

  1. “Slalom”

O slalom é o mesmo método utilizado pelos esquiadores e patinadores. A cada “batida”, tente transferir o peso para a roda dianteira. Este método é bem eficaz para reduzir a velocidade, especialmente naqueles momentos em que você está cansado, no entanto, esta forma de redução de velocidade depende de espaço livre dos lados (mais ou menos uma faixa inteira de trânsito, o que é raro nos grandes centros).

  1. “Pedalar para trás”

Já citamos anteriormente a impossibilidade de “andar na banguela” e pedalar em falso para trás, isso explica as aspas no sub-título. A técnica básica de frenagem em roda-fixa é oferecer resistência contrária nos pedais. Conforme você desce, uma perna empurra para baixo e para trás, enquanto a outra puxa para cima e para frente.

Esta técnica garante a maior interação do ciclista/bicicleta/meio. Quem esta bem treinado nestes fundamentos e conhece bem as ruas de sua própria cidade consegue atravessar a cidade inteira sem colocar os pés no chão. Um péssimo hábito herdado dos automóveis é o fator “acelerar ao máximo, para frear ao máximo uma quadra depois”, que num carro provoca consumo irracional de combustível e da mecânica (freios, embreagem, pneus, etc.). Os ciclistas que pedalam com roda-livre e freios convencionais acabam fazendo o mesmo, desenvolvendo assim uma menor capacidade de antecipar ações futuras (como um sinal vermelho, um congestionamento, uma pessoa saindo de um carro, etc.). Graças à possibilidade de controle e integração da roda-fixa, o ritmo de cruzeiro é controlado de acordo com as obstruções futuras, pedalando-se para frente ou “para trás”.

Descidas sem obstruções

Raramente encontradas nas cidades, mas quando encontrar alguma aproveite para esprintar e conhecer seu RPM máximo. Perceba qual a velocidade que você consegue atingir sem que seu traseiro suba e desça de forma deselegante sobre o selim.

Note que isso ocorre quando não se está pedalando eficientemente em círculos.

Outra opção em descidas é não fazer força nem para frente e nem para trás, deixando suas pernas “moles”, numa pedalada “fantasma” que apenas acompanha o movimento dos pedais. Isso é uma das grandes vantagens da roda-fixa sobre a roda-livre nos momentos de fadiga. Enquanto um ciclista com roda-livre após o esforço de uma subida, por exemplo, atinge o topo e entra em uma descida, a tendência é parar de pedalar para descansar, o que conseqüentemente leva a uma interrupção abrupta do movimento e a um maior acumulo de acido láctico nos músculos. Com a roda-fixa, mesmo que você esteja pedalando de forma “fantasma”, suas pernas não param de se movimentar, o que contribui para um descanso com menos acúmulo de ácido lático e menos radical para seu sistema circulatório.

Parar completamente

  1. “Pedalar para trás”

Este é o método mais fácil e que menos força seus joelhos na hora de parar. Você pode estar tanto sentado ou em pé (para aumentar a força de frenagem) e funciona ao, literalmente, fazer força para trás (contrária ao sentido dos pedais). Este método contribui também com a sua capacidade de aplicação de força em relação à distância que você tem de percorrer antes de parar...isso deixa a sua pedalada mais suave e menos estressante!

Existem outras formas de parar, que além de mais eficazes, são mais bacanas, mas que exigem maior treino e podem proporcionar problemas nos joelhos por uso repetitivo.

As técnicas a seguir são recomendadas para emergências, onde você tem de parar rapidamente.

  1. “Skipping” ou travadas

Para frear desta maneira, você tem que em primeiro lugar estar com os pés bem presos aos pedais (com pedaleiras e correias ou com sapatilha “clipless”).

- Alivie o peso da roda traseira;

- Puxe o pé dianteiro para cima e para frente enquanto empurra o pedal traseiro para baixo e para trás.

Esse método faz com que a roda pare de girar enquanto estiver no ar, oferecendo resistência quando toca o solo novamente. Você pode seguir estes passos repetidas vezes, até conseguir para completamente. Lembre-se que estando em pé, a eficiência deste método é maior.

  1. “Skidding” ou derrapagem

A idéia é a mesma da “travada”, mas o movimento é mais firme e rápido, junto de uma leve jogada para o lado, fazendo com que a roda traseira trave completamente.

Esta forma de frenagem exige mais experiência, principalmente em aliviar o peso sobre a roda traseira, e é extremamente duro com o cubo, contra-porca, corrente, pneu traseiro e especialmente seus joelhos! Essa maneira de frear só deve ser utilizada em emergências!

É comum entre os mensageiros de Nova Iorque, Londres e Tóquio fazerem competições de derrapagem, onde o objetivo é cobrir a maior distância possível derrapando com a roda traseira.

Links úteis:

http://tokyofixedgear.com/
- Site sobre a cena de Tóquio e de onde eu tirei a imagem desta postagem.
http://www.oldskooltrack.com/files/cult.mentality.frame.html
- Texto sobre a mentalidade e status de culto da roda-fixa.
http://www.angelfire.com/ca6/solovelo/WhyRideFixedGear.html
- Porquê diabos pedalar com roda-fixa?

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Segurança no trânsito (Parte 3)


- Use capacete (por razões óbvias)
- Caso você não esteja familiarizado com mecânica, bicicletas de roda-fixa não são uma boa opção para aprender! Devido a baixíssima margem de erro que permitem, detalhes que não fariam diferença em uma bicicleta “normal” podem causar graves acidentes em uma bicicleta com roda-fixa. Lembre-se que sua aceleração e frenagem dependem diretamente de uma forte e bem alinhada corrente. Na dúvida, procure uma oficina que esteja familiarizada com bicicletas de roda-fixa ou vá até o velódromo mais próximo trocar idéias com os ciclistas mais experientes.
- Antes de sair pelas ruas, treine e aprimore as técnicas descritas aqui em um lugar livre de obstáculos e pessoas. O lugar ideal é algum estacionamento vazio de supermercado ou coisa que o valha (O Mercadorama da Silva Jardim é uma boa nos domingos e o estacionamento do Parque Barigüí é uma boa em dias de semana).
- Utilize sua visão periférica e aprenda a “sentir” e ouvir carros vindo pelas suas costas ou em cruzamentos.
- Se acostume a olhar mais adiante do que você olharia se estivesse em uma bicicleta normal com roda-livre. Conte com seu sexto sentido e com a possível previsão de situações de risco.
- Faça aquecimento e se alongue antes de pedalar e antes de tentar as novas técnicas descritas aqui, especialmente se elas exigirem alguma parte de sua musculatura que não esteja acostumada com tal esforço/movimento.

Equipamento

- Utilize uma bicicleta adequada a seu tamanho e que tenha gancheiras horizontais.
- Lembre-se da importância do pinhão estar bem travado com trava-rosca e contra-porca, para que este não se solte ao se fazer força negativa (para freiar, por exemplo).
- Use pedaleira e correias e não pedais “clipless” e sapatilhas. É importante ter a opção de pedalar com a parte de baixo dos pedais no começo. Use de preferência correias duplas.
- Utilize tênis com sola lisa, sem travas e sem cadarço (rainha yatch é perfeito!). No começo é necessário agilidade na hora de tirar os pés dos pedais.
- O freio traseiro é opcional, mas o dianteiro é essencial! Especialmente no começo, o freio dianteiro é fundamental, quando ainda não se consegue frear apenas com a força de suas pernas. Eu, por exemplo, pedalei umas 2 semanas com os dois freios, uns 6 meses só com o da frente e agora não tenho nenhum, afinal, minha bicicleta atual é uma Enrique Ali de pista (gancheiras horizontais e sem furação para instalação de freios).
- Utilize uma combinação de coroa x pinhão que não torne uma subida impossível e tão pouco cause perda de controle em uma descida. Combinações boas são: 51 x 18, 47 x 16, 48 x 19. Utilize o calculador para mais opções de relações (Lembre-se que “cog/sprocket” significa pinhão e “chainring” significa coroa.) http://software.bareknucklebrigade.com/

Técnicas dirigidas à Roda-fixa:

“Track stand”

O “track stand” é o nome para a técnica de parar e manter o equilíbrio sem tirar os pés dos pedais. Para treinar esta manobra, utilize a parte de baixo dos pedais e tente dobrar as pedaleiras para que não se encostem no chão. Pare com os pedais na horizontal (posição “3-9 horas”), gire o guidão levemente para o lado em que o pedal estiver para frente (3 horas) e tente manter o equilíbrio.

Montar

É óbvio que você pode montar e desmontar de sua bicicleta com roda-fixa, da mesma maneira que o faria em uma bicicleta normal, mas pelo costume de as bicicletas de pista terem o guidão mais baixo do que o selim, o jeito mais fácil é passando a perna por cima do guidão seguindo os passos abaixo:
Posicione-se à esquerda da bicicleta e segure-a com a mão direita na mesa, mantendo a bicicleta levemente inclinada para a direita;
Ao mesmo tempo em que você chutar a perna direita por cima do guidão, jogue a bicicleta da mão direita para a mão esquerda, que irá segura-la na parte esquerda do guidão;
Coloque o pé direito no pedal e divirta-se!

Desmontar

Assim como montar, desmontar pode ser feito do jeito normal, mas pelo fato dos pedais seguirem girando para frente enquanto a roda estiver girando, o melhor jeito de desmontar é por trás da bicicleta:
Tire os pés das pedaleiras e utilize a parte de baixo dos pedais;
Quando o pedal direito atingir o topo da pedalada (12 horas), utilize-o para impulsionar o corpo para trás;
Tire as mãos do guidão, e enquanto estiver no ar, segure a parte traseira do selim;
Passe da posição “montado” para a posição “desmontado” elegantemente.

Prender as pedaleiras

Após montar, pedale devagar, de maneira a ser capaz de pisar na parte traseira do pedal, para que este gire e a ponta do seu pé entre na pedaleira;
Faça o mesmo com o outro pé.

- É possível montar e colocar os pés dentro da pedaleira parado utilizando um apoio seguro.
- Não deixe as correias demasiadamente apertadas quando estiver pedalando em meio ao tráfego pesado. É necessário que as correias estejam apertadas o suficiente para pedalar negativamente, e frouxas o suficiente para tirar o pé em caso de emergência.

Links úteis:
http://www.63xc.com/gregg/101_1.htm - Instruções (algumas ilustradas) para "como
fazer" em uma roda-fixa
http://www.escoladebicicleta.com.br/ - A parte sobre "segurança no trânsito" é especialmente interessante.
http://www.bicicletada.org/modules/news/ - Avisos de bicicletadas! Em Curitiba todo útimo sábado do mês com concentração às 9:30 da manhã no pátio da Reitoria.
http://apocalipsemotorizado.blogspot.com/ - Blog sensacional sobre a infelicidade de ser motorista em grandes centros e as possibilidades de mudança através do uso da bicicleta.
http://www.bicicletasantigas.com.br/ - Maior site dedicado a bicicletas antigas da América Latina. Quer uma bicicleta clássica? Procure o Marcelo que ele dá um jeito!