quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Técnicas de roda-fixa no trânsito (Parte 4)


Controle de velocidade em decidas

Ao treinar as técnicas a seguir utilize-as em conjunto com seus freios e vá com calma.

Quem pedala com roda-fixa divide as descidas em dois tipos; com ou sem obstruções. Obstruções são, por exemplo, cruzamentos, preferenciais, obstáculos como óleo na pista, areia, buracos, pontos-cegos e outros perigos mais.

Descidas com obstruções

Neste tipo de decida você terá de controlar sua pedalada, ao invés de incentiva-la. Existem basicamente dois métodos para isso:

  1. “Slalom”

O slalom é o mesmo método utilizado pelos esquiadores e patinadores. A cada “batida”, tente transferir o peso para a roda dianteira. Este método é bem eficaz para reduzir a velocidade, especialmente naqueles momentos em que você está cansado, no entanto, esta forma de redução de velocidade depende de espaço livre dos lados (mais ou menos uma faixa inteira de trânsito, o que é raro nos grandes centros).

  1. “Pedalar para trás”

Já citamos anteriormente a impossibilidade de “andar na banguela” e pedalar em falso para trás, isso explica as aspas no sub-título. A técnica básica de frenagem em roda-fixa é oferecer resistência contrária nos pedais. Conforme você desce, uma perna empurra para baixo e para trás, enquanto a outra puxa para cima e para frente.

Esta técnica garante a maior interação do ciclista/bicicleta/meio. Quem esta bem treinado nestes fundamentos e conhece bem as ruas de sua própria cidade consegue atravessar a cidade inteira sem colocar os pés no chão. Um péssimo hábito herdado dos automóveis é o fator “acelerar ao máximo, para frear ao máximo uma quadra depois”, que num carro provoca consumo irracional de combustível e da mecânica (freios, embreagem, pneus, etc.). Os ciclistas que pedalam com roda-livre e freios convencionais acabam fazendo o mesmo, desenvolvendo assim uma menor capacidade de antecipar ações futuras (como um sinal vermelho, um congestionamento, uma pessoa saindo de um carro, etc.). Graças à possibilidade de controle e integração da roda-fixa, o ritmo de cruzeiro é controlado de acordo com as obstruções futuras, pedalando-se para frente ou “para trás”.

Descidas sem obstruções

Raramente encontradas nas cidades, mas quando encontrar alguma aproveite para esprintar e conhecer seu RPM máximo. Perceba qual a velocidade que você consegue atingir sem que seu traseiro suba e desça de forma deselegante sobre o selim.

Note que isso ocorre quando não se está pedalando eficientemente em círculos.

Outra opção em descidas é não fazer força nem para frente e nem para trás, deixando suas pernas “moles”, numa pedalada “fantasma” que apenas acompanha o movimento dos pedais. Isso é uma das grandes vantagens da roda-fixa sobre a roda-livre nos momentos de fadiga. Enquanto um ciclista com roda-livre após o esforço de uma subida, por exemplo, atinge o topo e entra em uma descida, a tendência é parar de pedalar para descansar, o que conseqüentemente leva a uma interrupção abrupta do movimento e a um maior acumulo de acido láctico nos músculos. Com a roda-fixa, mesmo que você esteja pedalando de forma “fantasma”, suas pernas não param de se movimentar, o que contribui para um descanso com menos acúmulo de ácido lático e menos radical para seu sistema circulatório.

Parar completamente

  1. “Pedalar para trás”

Este é o método mais fácil e que menos força seus joelhos na hora de parar. Você pode estar tanto sentado ou em pé (para aumentar a força de frenagem) e funciona ao, literalmente, fazer força para trás (contrária ao sentido dos pedais). Este método contribui também com a sua capacidade de aplicação de força em relação à distância que você tem de percorrer antes de parar...isso deixa a sua pedalada mais suave e menos estressante!

Existem outras formas de parar, que além de mais eficazes, são mais bacanas, mas que exigem maior treino e podem proporcionar problemas nos joelhos por uso repetitivo.

As técnicas a seguir são recomendadas para emergências, onde você tem de parar rapidamente.

  1. “Skipping” ou travadas

Para frear desta maneira, você tem que em primeiro lugar estar com os pés bem presos aos pedais (com pedaleiras e correias ou com sapatilha “clipless”).

- Alivie o peso da roda traseira;

- Puxe o pé dianteiro para cima e para frente enquanto empurra o pedal traseiro para baixo e para trás.

Esse método faz com que a roda pare de girar enquanto estiver no ar, oferecendo resistência quando toca o solo novamente. Você pode seguir estes passos repetidas vezes, até conseguir para completamente. Lembre-se que estando em pé, a eficiência deste método é maior.

  1. “Skidding” ou derrapagem

A idéia é a mesma da “travada”, mas o movimento é mais firme e rápido, junto de uma leve jogada para o lado, fazendo com que a roda traseira trave completamente.

Esta forma de frenagem exige mais experiência, principalmente em aliviar o peso sobre a roda traseira, e é extremamente duro com o cubo, contra-porca, corrente, pneu traseiro e especialmente seus joelhos! Essa maneira de frear só deve ser utilizada em emergências!

É comum entre os mensageiros de Nova Iorque, Londres e Tóquio fazerem competições de derrapagem, onde o objetivo é cobrir a maior distância possível derrapando com a roda traseira.

Links úteis:

http://tokyofixedgear.com/
- Site sobre a cena de Tóquio e de onde eu tirei a imagem desta postagem.
http://www.oldskooltrack.com/files/cult.mentality.frame.html
- Texto sobre a mentalidade e status de culto da roda-fixa.
http://www.angelfire.com/ca6/solovelo/WhyRideFixedGear.html
- Porquê diabos pedalar com roda-fixa?

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