segunda-feira, 13 de maio de 2013

11/05/2013 - CALDERS - MONISTROL DE CALDERS - MURA - SANT ANDREU DE LA BARCA - CCGràcia



Depois de um mês em Estocolmo, a excitação e vontade de escalar uma boa montanha com os grandes irmãos do CCGràcia, treinar em tandem com a ONCE e girar no Velódromo Olímpico com o Genesis era grande.

Enfim, depois de uma semana rodando no conhecido terreno da Serra de Collserola, e de relembrar que tenho o privilégio de chamar de casa a cidade com a melhor qualidade de vida da Europa, chega o fim de semana e uma etapa preparada a dedo pelo motor incansável do Grupo A: o forte, o incansável, o maníaco dos pedais, a força e motivação interminável, Emilio Domenech (que infelizmente não pode vir devido a uma lesão de ligamentos que o deixou de molho até segundo aviso).

A rota de ascensão praticamente interminável passava não menos pelos parques naturais de Collserola,  Cingles de Berti, El Moianès e Sant Llorenç del Munt i l'Obac.

http://tracks4bikers.com/tracks/show/121304

Ao todo foram cerca de 170 km e 2700 m de ascensão acumulada a uma média de 27 km/h.

Apesar de baixas significativas por causa da regionalmente importante "Marcha Cicloturística" de Remences (o CCGràcia foi o segundo clube com o maior número de participantes), fomos poucos, mas bons no grupo A.

http://app.strava.com/activities/53599304

Como a etapa prometia dureza do começo ao fim, tudo começou com o estudo detalhado das principais subidas, carregando a rota no Garmin, jantando um belo prato de massa com almôndegas na sexta a noite e deixando o café já moído para a Gaggia. Como a saída oficial era as 07h nos Jardinets de Gràcia, deixei para me incorporar ao grupo alguns quilômetros depois já na Ronda de Dalt a caminho do primeiro porto do dia, a estrada ao "Cementiri de Collserola" de 4a, onde pude puxar o diminuto pelotão e marcar o ritmo junto ao capitão Fernando Spiluttini.


Depois do pequeno teste para aquecer os motores, o complicado caminho entre as zonas industriais que nos levam até a base da longa escalada que começa suave em Polyniá e que vai aumentando em grau de dificuldade em seus 30 km até Castellterçol.


Depois de seguir a B-143 até Sant Feliu de Codines, fazemos o desvio até o maravilhoso vale da Riera de Tenes onde está o Monastério de Sant Miquel del Fai (com certeza das melhores estradas e vistas da região). Aqui encontramos o "Cronista Oficial do CCGràcia", Josep Maria Plana e o Albert, ambos do grupo B que haviam saído 30 minutos antes de nós para fazerem a mesma rota que o Grupo A.



A estrada que costeia o Riu Rossinyol até o cruzamento com a C-1413b é maravilhosa tanto para subir, quanto para descer já que dificilmente apresenta tráfego de veículos.

Chegando ao topo, tivemos a incorporação de mais um experiente companheiro, o Lluch, que nos propôs um pequeno desvio da rota para podermos conhecer um belo lago em Sant Quirze Safaja e logo los reincorporar a B-143 rumo a Moiá e finalmente a pausa em Calders. Esta escalada final até Moiá foi um ponto alto já que pudemos dar um pouco de guerra a outro clube ciclista (Trujillo) que passava pela mesma rota.



Depois de matar um clássico sanduíche de "truita amb formatge" e uma cervejinha na metade do caminho, voltamos a estrada para a parte mais complicada da etapa. Vencer o ponto mais alto do dia na Serra de Estanelles com seus 859 m de altitude. Além de ser o ponto mais alto do dia, os 30 km que vão de Navarcles até o alto do Parque Natural de Sant Llorenç del Munt i l'Obac, passando por Talamanca, são especialmente duros, tendo nos últimos 2 km de ascensão o ponto mais duro com uma inclinação constante a cima dos 9%.





Depois de coroar, nos esperava a rápida descida com curvas suaves e pouco técnicas dos 30 km de volta a Polyniá e relaxar até a última escalada do dia, o usual "Furat de Vent" com suas vistas ao Velódromo Olímpico. A subida foi quase perfeita com Fernando marcando o ritmo (pedalar na roda dele é o mais próximo que se pode chegar ao "Motor Pacing" sem motor). O desfecho foi e a tranquila pedalada a casa pela Ronda de Dalt relembrando os melhores momentos do dia...

Um grande dia de ciclismo na companhia dos amigos Vicens (o fotógrafo oficial), Otto, Rad, Fernando, Lluch, Solanas (o homem GPS), Ochoa, Plana e Albert.

Tempo total 07:40:18
Temp. média 18°C
Vel. máxima 61.2km/h
Vel. média 27.3km/h
Cad. média 81 rpm
 Média puls.  165 bpm

Mais detalhes no Strava.

Primavera em Estocolmo

Quando o verão já dava sinais de vida em Barcelona, tivemos de ir a Estocolmo por um mês por trabalho e voltar ao ambiente hostil ao ciclismo de estrada que existe por lá.

O corpo sente o choque de estar sentindo o verão chegando na esquina e de repente voltar pra trás para um final de um longo inverno nórdico. O inverno foi tão longo este ano que a sensação realmente era de outono e não de primavera e isso se nota no sono e na alimentação.




 Na primeira semana que chegamos ainda pudemos ver os canais, campos e lagos totalmente congelados e só 2 semanas depois podemos dizer que o gelo já havia derretido por completo. Não que seja bom que o gelo tenha derretido, já que depois do gelo vem toda a lama e o mar de pedrinhas e pó que cobra as ruas. Mesmo depois de 3 semanas de limpeza, as ruas permanecem horríveis até para caminhar. O asfalto sofreu especialmente e tanto as ruas do centro, quanto as estradas rurais apresentam rachaduras e desgaste enorme por causa do duro inverno.


O álcool na Suécia é um capítulo à parte. O Estado controla a venda de bebidas alcoólicas e existe uma diferença entre cerveja (öl - até 3,5% e que pode ser vendida nos supermercados) e cerveja forte (starköl - a cima de 3,5%). As lojas do governo onde é possível comprar cervejas, vinhos e destilados de todo o mundo dão uma sensação de se estar indo comprar drogas em uma boca de fumo.

 Como tempo, caótico e hostil como possa ser, as pessoas continuam usando suas bicicletas como meio de transporte. Muitos com seus pneus de pregos para a neve, paralamas completos, luzes potentes e roupas adequadas. Como dizem os suécos, "não existe tempo ruim, mas sim roupa inadequada".
Como minha opção na hora de comprar uma bicicleta na Suécia foi uma Crescent de 10 marchas com espaço e olhais para paralamas completos, pude me sujar um pouco menos nesses dias de muita chuva e lama.

 Por sorte, conheci a um grande camarada francês chamado Nicolas Remires pelo Strava. O cara além de ser muito gente boa corre na Elite na Suécia e faz parte do clube mais forte da região de Estocolmo (formado em sua maioria por ex-profissionais e atletas da Elite). As saídas com o CK Valhall foram demolidoras e foi quando me dei conta do verdadeiro significado da palavra "Viking". O ritmo é extremamente forte e a organização do pelotão é impecável. Eles pedalam na chuva e na lama como se estivem pedalando em um seco dia de sol e o domínio do terreno é impecável.
Falando em terreno, diria que a única coisa pior que o tempo para pedalar na região, é o relevo. Assim como não existem planos, não existem serras e montanhas. Resumindo, as mudanças de ritmo que obriga o terreno são impiedosas e depois de 50 km de tobogãs subindo e descendo, a sensação nas pernas é de ter feito 150 km. Além do Nicolas, tive o prazer de conhecer o Jonas, que também me levou por boas rotas, e o Patrik que quase sempre esteve nas saídas.

 Além da constância nos treinos, as séries em forma de sprints ajudaram bastante a se acostumar ao terreno e ao ritmo dos vikings locais.

Os treinos foram interrompidos durante a semana que passei no Horse Show de Gotemburgo, já que meu tio, o super treinador de hipismo Ivan Camargo, estava por lá como técnico da equipe colombiana de hipismo acompanhando o cavaleiro Santiago Medina.
 



De volta a Estocolmo tivemos mais dias de chuvas torrenciais e frio e uma volta mais do que esperada a Barcelona...