Quando o verão já dava sinais de vida em Barcelona, tivemos de ir a Estocolmo por um mês por trabalho e voltar ao ambiente hostil ao ciclismo de estrada que existe por lá.
O corpo sente o choque de estar sentindo o verão chegando na esquina e de repente voltar pra trás para um final de um longo inverno nórdico. O inverno foi tão longo este ano que a sensação realmente era de outono e não de primavera e isso se nota no sono e na alimentação.
Na primeira semana que chegamos ainda pudemos ver os canais, campos e lagos totalmente congelados e só 2 semanas depois podemos dizer que o gelo já havia derretido por completo. Não que seja bom que o gelo tenha derretido, já que depois do gelo vem toda a lama e o mar de pedrinhas e pó que cobra as ruas. Mesmo depois de 3 semanas de limpeza, as ruas permanecem horríveis até para caminhar. O asfalto sofreu especialmente e tanto as ruas do centro, quanto as estradas rurais apresentam rachaduras e desgaste enorme por causa do duro inverno.
O álcool na Suécia é um capítulo à parte. O Estado controla a venda de bebidas alcoólicas e existe uma diferença entre cerveja (öl - até 3,5% e que pode ser vendida nos supermercados) e cerveja forte (starköl - a cima de 3,5%). As lojas do governo onde é possível comprar cervejas, vinhos e destilados de todo o mundo dão uma sensação de se estar indo comprar drogas em uma boca de fumo.
Como tempo, caótico e hostil como possa ser, as pessoas continuam usando suas bicicletas como meio de transporte. Muitos com seus pneus de pregos para a neve, paralamas completos, luzes potentes e roupas adequadas. Como dizem os suécos, "não existe tempo ruim, mas sim roupa inadequada".
Como minha opção na hora de comprar uma bicicleta na Suécia foi uma Crescent de 10 marchas com espaço e olhais para paralamas completos, pude me sujar um pouco menos nesses dias de muita chuva e lama.
Por sorte, conheci a um grande camarada francês chamado Nicolas Remires pelo Strava. O cara além de ser muito gente boa corre na Elite na Suécia e faz parte do clube mais forte da região de Estocolmo (formado em sua maioria por ex-profissionais e atletas da Elite). As saídas com o CK Valhall foram demolidoras e foi quando me dei conta do verdadeiro significado da palavra "Viking". O ritmo é extremamente forte e a organização do pelotão é impecável. Eles pedalam na chuva e na lama como se estivem pedalando em um seco dia de sol e o domínio do terreno é impecável.
Falando em terreno, diria que a única coisa pior que o tempo para pedalar na região, é o relevo. Assim como não existem planos, não existem serras e montanhas. Resumindo, as mudanças de ritmo que obriga o terreno são impiedosas e depois de 50 km de tobogãs subindo e descendo, a sensação nas pernas é de ter feito 150 km. Além do Nicolas, tive o prazer de conhecer o Jonas, que também me levou por boas rotas, e o Patrik que quase sempre esteve nas saídas.
Além da constância nos treinos, as séries em forma de sprints ajudaram bastante a se acostumar ao terreno e ao ritmo dos vikings locais.
Os treinos foram interrompidos durante a semana que passei no Horse Show de Gotemburgo, já que meu tio, o super treinador de hipismo Ivan Camargo, estava por lá como técnico da equipe colombiana de hipismo acompanhando o cavaleiro Santiago Medina.
De volta a Estocolmo tivemos mais dias de chuvas torrenciais e frio e uma volta mais do que esperada a Barcelona...
segunda-feira, 13 de maio de 2013
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