O Turó de l'Home é um desses portos míticos do ciclismo espanhol. Nunca presenciou e nunca presenciará uma final de etapa de um grande tour (se tem que subir e descer pelo mesmo lugar), mas pelas lendas e histórias contadas por quem conhece a peça, é algo que está no imaginário não só de ciclistas de estrada, mas de montanhistas e ciclistas de montanha.
Além de estar entre os picos mais altos da Catalunha, assim como o porto de Santafe de Montseny (que está ao lado e no mesmo Parque Natural de Montseny) possui terríveis rampas de até 12% e uma inclinação contínua e longa que os fazem complicados até para descer.
Não, não é coisa de outro mundo (na verdade é, a final, é um Hors Catégorie) e havia ouvido falar e lido que muitos não conseguem subir na primeira tentativa.
Antes de mais nada, gostaria de agradecer aos amigos do fórum on-line do CCGràcia por compartilhar experiências e dicas sobre o gigante de cerca de 1700 m de altitude, em especial Albert Paris (por ter paciência enquanto eu desenhava o mapa no track4bikers e por aconselhar a melhor relação pra subir - 39x28 é pouco para os 6 km finais), o Gonzalo (que fez um itinerário detalhado e que aconselhou pegar o trem até St. Celoni - dica que não segui), o grande cronista do clube, Josep Maria Plana que disse que era melhor subir e descer pelo mesmo caminho (para ter controlado onde existe gelo na estrada), Emílio por dar dicas de uma rota ainda mais difícil para abordar o Turó (e por ter me levado na roda no dia em que tive a pior câimbra da vida tempos atrás).
Enfim, depois de planejar e de entender que um porto HC oferece um prazer mórbido maior, quando se faz a coroação sozinho, me decidi pela seguinte rota:
Antes de começar a detalhar a epopeia, gostaria de contextualizar a data escolhida... Faz umas 2 semanas que uma massa de ar frio da Sibéria vem assolando a Europa e hoje foi o primeiro dia em que a máxima prevista estaria a cima dos 13ºC. Tivemos pequenos sinais de neve em Barcelona, mas o interior foi castigado com temperaturas de até -10ºC. A saída foi às 8h30min e praticamente os primeiros 40 km foram feitos com o termômetro não passando de 1ºC.
A rota do centro de Barcelona até Sant Celoni é velha conhecida e apesar do desnível positivo suave, mas constante, não apresenta maiores complicações (cerca de 50 km para esquentar o motor).
Em Sant Celoni a brincadeira começa com a subida até Mosqueroles e se mantém em "alto nível" até chegar a Fontmartina, mais ou menos.
O problema começou justamente aí em Fontmartina, pois a estrada estava fechada com uma corrente e com um aviso de proibido prosseguir (por causa da neve que caiu nos últimos dias). Daí, até a bifurcação (que deixa o caboclo com duas opções; a primeira, virar a esquerda e subir o Turó de l'Home ou ir reto em direção a Santafe) apenas algumas curvas onde não bate o sol, apresentavam gelo e nenhuma outra opção para continuar pedalando. Enfim, desde o bloqueio na estrada, seções de pelo menos 15 metros apresentavam capas de gelo e neve compactada, que obrigavam a descer e a empurrar, situação que vai piorando conforme se vai subindo, até o ponto de se tornar insuportável, já que em muitos passos, se acabava com até metade da canela afundada na neve e as rodas da bicicleta enterradas na neve.
O último km é especialmente frustrante, já que se vê as torres de comunicação tão perto e ao mesmo tempo, tão longes.
A sensação de estar lá em cima nessas condições é bastante desagradável, pois se sabe que não é um porto normal, onde normalmente subimos e logo sabemos que para descer não teremos problemas...
No caso de hoje, graças às grandes seções de estrada impraticáveis por causa do gelo, a descida foi feita quase a mesma velocidade que a subida e pelo mesmo lugar (ao invés de seguir por Santafe, dentro de toda a imprudência, achei mais prudente descer pelo mesmo caminho, seguindo a dica de Josep Maria Plana.
No fim das contas, a velocidade média foi pequena, mas a satisfação de coroar o gigante foi enorme.
Lições aprendidas:
Um porto desse calibre perde bastante por ter a "cereja do bolo" com muito gelo e neve o que me obrigou a andar. Melhor ir em uma época que faça melhor tempo;
Usar um pedivela compact não teria ido mal, já que o 39x28 ficou na estica...
Água não é problema, já que com o degelo, pude encher o bidón antes de começar a descer com a versão mais pura possível do precioso líquido.
Mais detalhes no Strava
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
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2 comentários:
animal!
Apaixonado por aclives que sou, sinto-me suspeito para comentar, hehe. Parabéns pela bela escalada (a pé inclusive) Gabba! Abraço.
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