quarta-feira, 4 de março de 2009

ST. PAULOPOLY VIII Alley Cat - Hansa Hamburgo - 28.02.09






































No último fim de semana aconteceu em Hamburgo a oitava edição do racha de rua chamado “St. Paulopoly”.

Os rachas de rua (“alley cats”) com a temática do jogo Banco Imobiliário (Monopoly, na versão original em inglês) são comuns entre a comunidade de entregadores e ciclistas urbanos. O evento é nada mais, nada menos que um Banco Imobiliário jogado em escala 1:1.

A corrida de Hamburgo tem esse nome engraçado, devido ao lance acontecer apenas no bairro de St. Pauli (casa do time de futebol “FC St. Pauli”, adotado por 99% das pessoas “alternativas” da Alemanha).

Cada “casa” era na verdade um ponto de coleta (eram 13 os pontos espalhados por bares e lojas de bicicleta) e a cada ponto, se tinha de tirar a sorte nas cartas (que davam a possibilidade de ganhar dinheiro, perder dinheiro ou ir pra “cadeia”) e nos dados (que indicavam qual seria o próximo ponto de coleta). Cada um dos cerca de 250 participantes (sendo que talvez metade entregadores profissionais e a outra metade de “comutadores”, malucos, etc.) pagava 15 Euros pra participar, o que dava direito a uma camiseta e um cartão de raio do evento, além de uma sopa e entrada grátis à festa principal.

A minha aventura começou no sábado as nove da matina quando encontrei com dois mensageiros na Estação Central de Berlim, para pegarmos o trem até Hamburgo (um deles, o Klaus de Santiago do Chile, se mudou pra Berlim especialmente para trabalhar de entregador e o Arek, que trabalha também aqui em Berlim). Depois de cerca de quatro horas, chegamos a Hamburgo e pedalamos até a loja Suicycle (um dos organizadores do evento). Lá encontramos vários outros ciclistas que haviam chegado no dia anterior para outras provas e eventos e foi divertido conhecer pessoas da Bélgica, Alemanha, Holanda, Dinamarca, França, África do Sul, EUA, Escócia e de Hamburgo, é claro...Muitos deles entregadores profissionais que estavam ali apenas para o evento.

É normal que muitos deles viajem para eventos o ano todo e ao chegar se nota o espírito de camaradagem entre todos que vivem a vida sobre suas bicicletas, seja a trabalho, seja para ir ao trabalho...

Logo que chegamos na Suicycle, conhecemos o Izaak do Brooklin, NYC, que acabara de se mudar a Hamburgo e que cordialmente nos ofereceu pouso para o fim de semana (seu ap era melhor que um hotel cinco estrelas! Thanks for the help mate!). Depois de fazermos a inscrição e receber o mapa e o “manifesto” da corrida, fomos até o ap do anfitrião para deixar o peso extra das mochilas.

Quando voltamos até a loja, uma turma estava saindo pra fazer o reconhecimento dos pontos de coleta e aproveitamos para ir junto.

Depois do reconhecimento rolou uma comidinha grega e logo estávamos todos reunidos no início do percurso para um racha que duraria duas horas.

Eu diria que praticamente não existe espírito competitivo e que o que predomina é a camaradagem entre os ciclistas, que aproveitam o lance todo para fazer uma espécie de Bicicletada, fantasiando-se e “apavorando” as movimentadas ruas de sábado a noite da cidade.

Os pontos altos eram as filas nos pontos de coleta e cruzar a Reeperbahn entre carros, prostitutas, junkies e bêbados de fim de semana...

Depois de terminado o evento, uma festa nos esperava com banda ao vivo (tocando “HateMetal”...foi fóda agüentar! E djs tocando, urgh, Hip Hop e lixo dos anos 80 no melhor estilo “hipster” de plantão). A música tava ruim, mas o papo com a turma foi divertido...

Como estávamos todos cansados, fomos pra casa meio cedo. Na manhã seguinte acordamos e o café da manhã foi o filme dinamarquês “Um domingo no inferno”, sobre a corrida Paris-Roubaix de 1974 (com a participação de Moser, Merckx e cia.).

Depois do café, pedalamos por debaixo do Rio Elba pelo antigo túnel, até o estacionamento vazio de uma fábrica, onde alguns poucos bravos que resistiram ao sábado, se reuniram para uma amistosa partida de Pólo Ciclístico.

Como nosso trem saia as quatro da tarde, não pudemos ficar muito tempo, pois tínhamos mais uma jornada de quatro horas de volta a Berlim...

2 comentários:

Silvio Tambara disse...

Genial. É mais ou menos isso que queremos fazer aqui em Sampa, na fixolimpíada. Inspirador.

Grande abraço.

Anônimo disse...

Muito Maneiro! A Roda Fixa é uma verdadeira cultura na Europa e no Brasil cresce bastante tbm.

Um abraço.