domingo, 12 de abril de 2009

Spree-Elbe-Spree em 48 horas

A saída na Karl-Marx-Allee. Notem o amigo Falko à esquerda e seu bermudão xadrez...O cara começou a pedalar há menos de dois meses e começou a viagem sem "fantasia"...No meio do caminho ele mudou de idéia em relação à indumentária...

A estrada é árdua e demanda nutrição adequada para o corpo e para a alma.

A "puta francesa" (minha Gitane Tour de France de 1976) que na metade da viagem sofreu um micro-furo no pneu dianteiro. Apesar dos Schwalbe Durano, algo foi mais forte e perfurou a proteção. A cada pausa, um pouco de ar com a melhor bomba do mundo (imaginem uma bomba com o poder de uma bomba de pé e o tamanho de uma bomba de mão. Inacreditável!)!!!

"O afobadinho"...Acabei passando do destino e tive que voltar um km até Lenzen (Elbe).

Nosso amigo Falko, que começou a viagem de bermudão e chegou ao final com a "fantasia" quase completa! Quem diria que um cara que acabou de começar a pedalar, fumante e sem o equipamento correto fosse vencer os 180km em um dia?

Arik, nosso anfitrião e eu na placa de entrada de sua cidade natal. Nascido na região, ele trabalha agora como entregador aqui em Berlim e pedalou sua fixa na epopéia.

O leste alemão tem fama de ser um tanto quando duro com os estrangeiros e foi normal ver no caminho alguns restaurantes turcos com as vitrinas quebradas. A exceção foi a bela sorveteria italiana em um dos trechos de paralelepípedo em Perleberg...

...e o restaurante mineiro, que (infelizmente) estava fechado por causa do feriado!

O almoço na volta foi uma merecida Rostbratwurst com cerveja, é claro!


Muito embora exista um grande preconceito por parte dos ciclistas de estrada, pedalar de fixa em longas distâncias embora pareça mais difícil, é na verdade muito mais cômodo e fácil do que pedalar com marchas, bastando que a relação escolhida seja compatível ao relevo do terreno.
Sexta-feira às 10 da matina me encontrava com meus dois amigos Arik e Falko na Karl-Marx Alle para iniciar nossa jornada de cerca de 170km de Berlim até à fronteira com a Alemanha Ocidental (marcada pelo Rio Elba).

Infelizmente não pedalei a pisteira Diamant como de costume, pois a polícia de Berlim resolveu fazer uma caça às bruxas nesse começo de mês...O problema é que a caça às bruxas, é na verdade uma caça às fixas!!!

O bom é que aqui na Alemanha as coisas são sempre muito bem organizadas e programadas, então foi tudo avisado previamente no site da polícia e uma reportagem foi ao ar no noticiário de maior audiência da região.

Como eu não gosto muito de problemas com a lei, tenho pedalado minha estradeira nesse começo de mês, e foi com ela que encarei a jornada. Meu amigo Arik, que trabalha como entregador aqui em Berlim e que passou essas semanas fugindo das blitz pelas ruas, foi com sua pisteira (o que lhe rendeu menos esforço na estrada, é claro!).

Enfim, a sexta-feira foi tranquila e levamos 7,5 horas pra chegar até Lenzen, na fronteira com a Alemanha Ocidental. A pedalada não teve maiores problemas, fora os viadutos nos cruzamentos com a grande "Autobahn". Pedalamos basicamente ao longo da B5 (estrada secundária que liga Berlim a Hamburgo) que conta com ciclovias ao longo de boa parte de sua extensão, declives e vento a favor.

A volta no sábado foi um pouco mais cansativa, pois além do cansaço do dia anterior, enfrentamos o leve aclive do terreno e o vento frontal que não deu trégua de lá até aqui (o que não foi o suficiente pra me fazer trocar de marcha. Por precaução, não fui de fixa, mas pedalei com uma marcha na ida e na volta), o que nos fez levar 8 horas até Spandau (fronteira entre Brandenburgo e Berlim) e 1 hora mais até o centro da cidade, totalizando 9 horas.

Muito engraçado foi encontrar um restaurante brasileiro chamado "Belo Horizonte" em Perleberg!!!


Exibir mapa ampliado

Além das belas paisagens dos vastos campos de canola e outras culturas e das florestas de pinos, o ponto alto é sempre cruzar os pequenos vilarejos e suas ruas de paralelepípedo (que nos deram uma pequena idéia do que passam os "gladiadores" que todo ano pedalam o "Inferno do Norte" na Paris-Roubaix).

Falando em Paris-Roubaix, uma das mais antigas competições do ciclismo, hoje foi o dia de mais um "Domingo no Inferno", que apesar de não ter tido chuva para deixar a competição ainda mais emocionante, não deixou de contar com várias quedas e com mais uma vitória do belga Tom Boonen.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como assim, estão proibindo as fixas na Alemanha? O q alegam?

Gabriel Nogueira disse...

Não "estão proibindo" as fixas.
As fixas sem freios são proibidas na maioria dos códigos de trânsito que incluem as bicicletas como modal de transporte.
As bicicletas aqui na Alemanha (e no Brasil também, diga-se de passagem) devem possuir 2 freios independentes.
Na Inglaterra, o pinhão-fixo é reconhecido como freio traseiro legítimo, bastando um freio dianteiro para estar dentro da lei.
Aqui na Alemanha, depende do poder de compreensão do policial que estiver te abordando em reconhecer que a bicicleta possui sim um freio traseiro.
Para evitar problemas com a lei, basta ter um freio dianteiro, refletores dianteiro, traseiro, nos pedais e laterais, luzes dianteira e traseira e campainha. Creio que a falta de cada um desses itens obrigatórios de segurança somem cerca de 10 euros na multa final.
Resumindo, uma pisteira legitima na rua, pode render uma multa de até uns 150 euros pra ser resgatada...Melhor não dar chance ao azar...
Teoricamente as blitz terminam hoje, mas dependendo da rentabilidade, a policia é capaz de estender as blitz para ganhar mais dinheiro no começo do ano...